Na última rodada do hexagonal houve de tudo: lutas e dissimulações, verdades e mentiras. O futebol retratou fielmente a natureza humana com suas inclinações para o bem e para o mal. Cada time exercitou o seu papel de acordo com o interesse próprio na competição. O Ceará goleou o Uniclinic, num jogo em que o time de Maurílio ficou com um jogador a menos na metade do primeiro tempo. Rafael Costa fez dois gols de pênalti, enquanto Zezinho, Serginho e Richardson completaram o placar de 5 a 1. Uma goleada que de nada adiantou, pois o time foi eliminado. O Guarany de Sobral fez o que lhe cabia: garantiu a classificação ao ganhar do Maranguape por 1 a 0. O Guarani de Juazeiro, ante a indiferença do Fortaleza, também se garantiu e venceu (0 x 1).
Culpa
Ficou claro que houve fingimento por parte do Fortaleza. O Leão não queria jogo. Mas o Ceará não pode colocar a culpa de seu fracasso na equipe tricolor. A culpa da eliminação do Ceará é dos próprios alvinegros. Nada de transferir o que é de estrita responsabilidade do time de Porangabuçu. A culpa foi do Ceará.
Consequência
A culpa foi do Ceará porque não conseguiu ganhar do Maranguape no Castelão no jogo de ida. Culpado porque perdeu para o Fortaleza (2 x 1). Culpado porque só empatou com o Uniclinic (0 x 0) no jogo de ida. Culpado porque só empatou com o Fortaleza no jogo de volta. Culpado porque entregou seu destino nas mãos de terceiros.
Recordando
A partir da esquerda: Wilton Bezerra e Anduiá, notável goleador e ídolo do futebol caririense nas décadas de 1960 e 1970. Anduiá morreu sábado passado. Revelado pelo Sport do Crato, defendeu com destaque clubes e seleções do Cariri. Treinou times da região. Fez parte da geração de Bebeto, Idário, Binda, Laudemiro e Ângelo, dentre outros. Foi o primeiro ídolo do comentarista Wilton Bezerra. Foto batida há quatro anos.
Semifinais
O Uniclinic tem um time muito organizado. Enquanto esteve com o mesmo número de jogadores, encarou o Ceará ontem no PV. E o Vozão só deslanchou quando ficou com um jogador a mais. Portanto, o Uniclinic dará muito trabalho ao Guarany de Sobral. No confronto dos dois até agora, equilíbrio: uma vitória para cada lado.
Reação
O Guarani de Juazeiro nada tem a ver com o fingimento tricolor. Fez a sua parte: ganhou. Na campanha o Leão do Mercado tem seus méritos, principalmente quando saiu de quase rebaixado a classificado numa reação de quatro vitórias e um empate. Aí ninguém mais o segurou. Valeu a competência de Edson Leivinha. Parabéns.
Inédito
Junior Cearense concluiu esta segunda fase do certame como técnico de maior destaque. Alcança um feito inédito: é o único treinador que, com apenas um ano de trabalho profissional, leva um time às semifinais cearenses. Enfrentou turbulências e até chegou a entregar o cargo. Certa a diretoria que não aceitou. Junior tirou leite de pedra. Agora vem o desafio maior.
Dissimulação. Ao escalar reservas e jovens, o Fortaleza deu o recado do desinteresse. Curvou-se à imposição da torcida, que não queria a vitória. Tanto é verdade que aplaudiu o gol do Guarani. Em Juazeiro, no jogo anterior, o Leão mandou bola na trave, dividiu jogadas, lutou e Berna fez milagre. Ontem o Fortaleza não lutou, não quis. O Castelão viu um tricolor de aço, sem aço, sem brio, sem luta, distante da garra de sua história. Que dissimulação! Um contraste com a tradição guerreira e vocação do clube.
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