Tom Barros: Ponto, eletrônico ou não

Os telespectadores, até mesmo os menos atentos, já perceberam um fone bem pequeno no ouvido dos apresentadores, máxime de telejornais. Esse ponto tem sido a salvação de muitos profissionais da TV nos momentos de aperto. A comunicação corretora permite que erros sejam reparados imediatamente, tornando-os quase imperceptíveis aos que acompanham os noticiosos pela televisão. A arbitragem mundial, de forma disfarçada, já vem utilizando esse sistema. Por que então não torná-lo explícito? Por que os subterfúgios que geram sensação de deslealdade? Por que tentar camuflar o que praticamente já está à vista de todos? O "ponto" necessariamente não precisa ser eletrônico. Há outros meios como mímicas e sinais. Já é hora de acabar com a hipocrisia.

No teatro

Na década de 1950 era comum o "ponto", ou seja, pessoa escondida, que no palco soprava os textos para os atores, quando estes esqueciam o que deveriam falar. Esse procedimento foi abolido, mas agora já voltou em forma de ponto eletrônico, dividindo até a opinião dos próprios atores. Mas a maioria parece ter gostado da providência.

No futebol

No jogo Ferroviário 2 x 0 Fortaleza, há suspeitas de que alguém soprou ao auxiliar de arbitragem que a imagem da TV mostrara Mota impedido ao fazer o gol. O auxiliar recuou da decisão. Confusão no mundo. O auxiliar negou ter recebido informação externa. Volto a falar no polêmico assunto para prevenir futuras situações.

Recordando

19 de setembro de 2006. Assim se passaram dez anos... Edinilson Corona (auxiliar), Paulo César de Oliveira (árbitro) e Ana Paula Oliveira (auxiliar) entram em campo no Castelão. Vieram dirigir o jogo do Fortaleza pela Série A nacional. Na época, nem de longe se pensava na utilização de ponto eletrônico ou de qualquer outro meio de comunicação exterior. Há dez anos tudo tinha que ser resolvido sem "sopros" ou "pescarias".

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Veda

Calculem só o que teria acontecido se o Ferroviário não tivesse marcado depois 2 a 0. Como o Ferrão ganhou, aí ficou por menos o efeito do gol anulado com a possível ajuda do "ponto eletrônico. O regulamento atual não permite a utilização de meios eletrônicos para dissipar dúvidas. Não admite também o uso de informação externa.

Disfarce

Apesar da proibição citada no tópico ao lado, as comunicações externas de árbitros e auxiliares estão acontecendo de forma velada. Ninguém é ingênuo. Decisões refeitas em recentes arbitragens de jogos internacionais e nacionais deixaram a impressão de que há um sistema de proteção à arbitragem mediante comunicação camuflada.

Polêmica

A auxiliar Carolina Romanholi, coisa recente, também se viu envolvida numa polêmica sobre a confirmação de um lance de gol. Carolina explicou que o regulamento permite que antes de ser batido novo centro (quando a bola volta a rolar), o auxiliar pode se manifestar, caso assim considere conveniente para esclarecer lance polêmico. E assim ela fez.

Árbitro

Curiosidade. É natural que, diante de lances polêmicos, árbitros e auxiliares fiquem curiosos, querendo saber em campo o que a TV está mostrando lá fora. É natural que queiram uma ajuda indireta da "telinha", não apenas visando ao estabelecimento da verdade, mas também a evitar os desgastes que uma marcação errada possa trazer. Já é hora de os senhores da Fifa se renderem ao avanço tecnológico. Não entendo o motivo retrógrado de tanta resistência ao uso dos meios eletrônicos no futebol.