Tom Barros: O poder é fascinante

Legenda: Recordando: 2003. Olha aí o Bechara (1º em pé, da direta para a esquerda) no Marília/SP. Títulos: campeão cearense pelo Ceará (1996, 1997 e 1998) e pelo Fortaleza (2000, 2001 e 2010). Campeão da Copa Conmebol pelo Santos (1998). Campeão saudita pelo Al-Hilal (2005). Campeão da Copa da Dinamarca pelo Odense 2007. Jogou no Santos, Atlético/MG, Aalesund da Noruega e Vejle da Dinamarca, dentre outros. (Álbum de Elcias Ferreira).

O presidente da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio, declarou seu apoio á formação de Ligas. Deu como exemplo o êxito da Liga do Nordeste. Mas deixou bem claro que o controle das competições tem de ficar com a CBF e federações estaduais. Até aí, tudo compreensível. O problema é o que poderá daí advir. Até quando as Ligas aceitarão ficar sob a regência desses órgãos de controle? Não se surpreendam se derem o grito de independência quando fortalecidas por negociações diretas com redes de televisão e patrocinadores. Nisso tudo há no ar um cheiro de "racha" cujas consequências são imprevisíveis. Onde existe a disputa ferrenha pelo poder, tudo é possível. Assim nas federações, assim na CBF, assim na FIFA. O poder fascina.

Rádios

As emissoras de rádio devem estar atentas à luta pelo poder no futebol. Até hoje, por tradição e história, não se cobra das emissoras de rádio nenhum valor pelas transmissões dos jogos. Mas já há quem queira estipular taxas por partida, pondo fim a um regime livre que vem desde a época da primeira transmissão de futebol no Brasil.

Divulgação

A tradição de emissoras de rádio não pagarem para transmitir jogos decorre de um reconhecimento: são elas que mais divulgam o futebol o ano todo. A gratuidade é contrapartida. Nas Copas do Mundo as emissoras de rádio pagam direitos de transmissão, mas o cenário é outro. Sobre a Copa não há divulgação permanente o ano todo, mas só na época.

Parceiros

Na minha avaliação, seria interessante que essa disputa por poder e espaços não se transformasse numa "guerra", mas num debate de elevado nível, com cedências de parte a parte. Concentrar poder nas mãos dos clubes é perigoso. Concentrar poder na mãos da CBF e federações, idem. Uma parceria respeitosa seria, a meu juízo, a solução ideal

Exercício

De repente os clubes descobriram que podem barganhar mais e lucrar mais. Temo que esse poder, antes não exercitado, conduza alguns presidentes ao deslumbramento. Isso, não raro, leva a insensatez porque o deslumbrado imagina que pode tudo. Mas não é bem assim. Clube nenhum sobrevive fora da conjuntura.

Manutenção

Na disputa de poder entre clubes, CBF e federações, está em debate a extinção dos "estaduais". Mauro Carmélio, presidente da FCF, é contra a extinção. Para isso, porém, terá de mostrar que tais eventos têm condições de sair do vermelho. Enquanto deficitários, os "estaduais" estarão sempre sob o risco de extinção, máxime em época de crise econômica como agora.

Missão

Pouco a pouco o novo presidente do Ferroviário, Gustavo Façanha, cuida de traçar um melhor planejamento, visando a voltar à Série A cearense em 2017. O técnico Maurício dos Santos assumiu anteontem e tem dura missão a cumprir: não deixar que o glorioso Ferrão permaneça pelo no terceiro ano consecutivo na segundona cearense. O Ferroviário é o terceiro time em número de títulos estaduais (nove de campeão e 19 de vice-campeão cearense), além de uma história e tradição respeitáveis.

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