Tom Barros: O Pio e o Peu

Um canhão. Um "bombaço" (mistura de bomba e de aço) como dizia o narrador Maurício Otoni). Assim o potente chute do volante do Ceará, Pio. Força e efeito. Um míssil a procura do alvo, desviando-se dos jogadores. A bola vai como artefato teleguiado até o fundo do gol. No futebol cearense, alguns jogadores entraram para a história pela potência do chute. Peu, volante do Ferroviário, se não me falha a memória nos anos 1960, tinha chute muito forte. Simplício, também volante coral, tinha chute assustador. No Fortaleza, ainda na década de 1960, Mesquita notabilizou-se pelo força com que chutava. No final da década de 1950, no Fortaleza, Bececê tinha chute mortal. Privilégio de uns poucos.

No Palmeiras

O chute de Bececê tornou-se famoso no Brasil após o Palmeiras decidir com o Fortaleza a Taça Brasil de 1960. O Palmeiras resolveu contratá-lo. Ele foi campeão paulista de 1963 pelo Verdão. No ano passado, em 23 de setembro de 2016, Bececê participou da festa aos ex-jogadores realizada no Palestra Itália.

Destino

Não tenho notícias nem do Peu nem do Simplício. Mesquita, que também brilhou no Remo, morreu há alguns anos. Cada um guardou o segredo do chute potente. Segundo Pepe, ponta-esquerda, canhão do Santos e do Brasil nas décadas 1950/1060, chute assim não é força: é jeito. Está aí o Pio para explicar.

Recordando

Recordando

Década de 1960. Encontro de desportistas. A partir da esquerda: o quarto é Gilvan Dias e o sétimo é Colombo Sá. Detalhes: Gilvan foi goleiro, técnico de futebol e repórter. Colombo Sá foi repórter e ainda hoje apresenta o "Clube dos Tetéus" na Rádio Cidade. Aguardo detalhes desse encontro. (Colaboração de Nonato Holanda).

Nomes

Todos atentos às primeiras contratações do Fortaleza. É natural que haja opiniões favoráveis e desfavoráveis. Mas, a rigor, prefiro aguardar o momento próprio para avaliações. Muitas vezes, de quem menos se espera vem o resultado positivo. É um equívoco opinar apenas com base no currículo.

Crédito

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, foi claro na entrevista à TV Diário. Explicou os rigorosos critérios para a aprovação da vinda de um atleta. Pode até não dar certo porque há o risco de não adaptação. Esse risco todos os times correm. Até jogadores consagrados podem fracassar quando mudam de equipe.

Tom solene

Sou admirador do futebol do Pio. Gosto muito também do tom solene que ele dá às suas entrevistas. Fala de forma pausada e refletida. Oportuna sua recente opinião sobre a necessidade a união dos clubes e das torcidas cearenses, pois basta a discriminação que há contra os nordestinos lá fora. É verdade. Concordo.

Pesar. Morreu ontem Célio Bandeira, volante clássico que marcou o futebol cearense nas décadas de 1950 e 1960. Ganhou títulos pelo Fortaleza, inclusive o de vice-campeão da Taça Brasil de 1960. Jogou no Gentilândia, Ferroviário e Usina. É citado como jogador que nunca perdeu um pênalti. Consta que num "Torneio Início", ele bateu 20 pênaltis e converteu todos. O corpo está sendo velado na Funerária Alvorada na Parangaba. Sepultamento hoje, às 9h30, no Cemitério São João Batista. Fica a saudade.