Tom Barros: O nascer dos ídolos

Os clássicos no futebol são o centro consolidador dos que pretendem entrar para a galeria dos grandes ídolos. Não é da noite para o dia que um jogador ganha os aplausos das multidões. O maior dos goleadores, se não assinalar gols nos desafios diante dos notáveis rivais, terminará seus dias como um bom artilheiro, mas comum. Diferente é aquele que se notabiliza exatamente pela definição nos clássicos. É o que não se intimida e, pelo contrário, chama a si a responsabilidade. Com talento e coragem, firmeza e confiança, competência e precisão, coloca a bola na rede. Não se assusta na adversidade. Agiganta-se na desvantagem. Busca o resultado até quando tudo parece perdido. Estou vendo o nascer de dois ídolos: Gustavo e Arthur.

Artilheiro

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Gustavo, 12 gols. Faltava-lhe o gol num clássico diante do Ceará. Não lhe falta mais. Seu gol foi produto da esperteza, agilidade maior, que deixou fora de tempo os zagueiros alvinegros. Perdera um na cara de Everson. Mas deixou sua marca. Vai assumindo a condição de ídolo. Se continuar assim, será.

Questão de tempo

Arthur nem titular do Ceará ainda é. Mas do banco ele se ergue para os gols salvadores. Gols que dão a vitória nos instantes finais. Gols que evitam a derrota nos instante finais. Por que Chamusca não transforma o goleador dos tempos finais no goleador de todos os tempos? Questão de tempo, penso. E de ponto de vista.

Novas marcas virão

Quantas vezes Gustavo a comemorar. Quantas vezes, de braços abertos, entregando-se a galera: "Eis-me aqui. Aqui estou". Em 2016, no seu melhor momento no Criciúma, marcou 18 gols em 32 jogos. Agora já marcou 12 gols. Pelo andar do certame, certamente alcançará novas marcas. Qualidade para isso ele tem de sobra.

Espaços

Quando ocupo o espaço completo da coluna ao nascer dos ídolos, também revelo a carência de ídolos no futebol cearense. Isso também é causa de menos público nos estádios. Ídolo arrasta multidões. Não por acaso o futebol europeu paga bilhões de euros pelos ídolo de toda parte do mundo.

Casa cheia

Os ídolos como Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar são a certeza absoluta de casa cheia, mesmo com transmissões diretas ao vivo pela televisão. No clássico Fortaleza 1 x 1 Ceará o público foi insignificante. Creio que agora, pelo que fizeram Gustavo e Arthur, haja maior interesse do público no próximo clássico.

Estrela

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Ele pede a bola. Aponta: no peito, na cabeça, em profundidade, na diagonal... Com ele não tem bola perdida. Vai em todas, nas boas e nas ruins. E, não raro, transforma as ruins em gols. Assim o goleador. Vê chance de gol nas bolas favoráveis e desfavoráveis. Vê chance no impossível. Assim Arthur vai construindo a sua história.

Lotação. Não admito um clássico maior no Castelão com público de Estádio Presidente Vargas. Público de 24 mil torcedores é para jogos intermediários entre time de pouca torcida. Dirão talvez que a retração de público acontece em todo os estados, inclusive nos poderosos São Paulo e Rio de Janeiro. Verdade. Sim, mas nos tempos dos ídolos Zico e Roberto Dinamite havia superlotação no Maracanã. Hoje não tem mais. Coincidência ou não, sem ídolos o interesse diminui. É o que está acontecendo.