Tom Barros: Novo desengano

Legenda: Recordando 1978. Fortaleza juvenil no primeiro Campeonato Brasileiro da categoria, disputado em Niterói/RJ, Estádio Caio Martins. A partir da esquerda (em pé): Erilson, Pinto, Sérgio Monte, Junior, Totô e Perivaldo. Na mesma ordem (agachados): Haroldo Sobral, Paulinho Lamparina, Jorge Veras. Mané e César. Observem o Jorge Veras com sua cabeleira. Ele nem de longe lembra o careca de hoje. (Do álbum de Sérgio Monte).

No final do belo soneto "Contraste", seu autor, padre Antonio Thomaz, diz que "os desenganos vão conosco à frente e as esperanças vão ficando atrás". Ele mostra o contraste entre a juventude e a velhice. Na velhice, os desenganos. Assim vi o "velhinho" Ceará. O Paysandu nem de longe mostrou o futebol que dele todos esperavam. Nem assim, o Ceará soube vencer. Numa noite apagada de Pikachu, Fahel e companhia, sequer o alvinegro soube tirar proveito. O Ceará criou as melhores chances. As principais com Wescley no primeiro tempo e duas incríveis com Fabinho na fase final. Não sei a razão por que Cabo não entrou de início com Mazola e Alex. Deu empate. Assim, como diz o padre, "os desenganos vão conosco à frente e as esperanças vão ficando atrás".

Próximas etapas

A trajetória do Ceará nos próximos cinco jogos compreende: CRB em Maceió, Náutico em Fortaleza, Sampaio Corrêa em São Luís, Bahia em Fortaleza, Santa Cruz em Recife. Uma corrida interminável contra o tempo. Um desafio sem fim. Tudo muito diferente do que se esperava para este segundo semestre.

Aparências

No futebol, mais que em outros setores, as aparências enganam. Quando vejo esta luta desesperada do Ceará, fico a imaginar quão enganadora foi a conquista da Copa do Nordeste. Após esse feito, o Ceará passou a ser visto por todos como grande favorito não apenas ao G-4, mas ao próprio título de campeão da Série B. De repente, desonerou.

Em casa

Mesmo o Fortaleza tendo perdido em casa os mata-matas que disputou, claro que decidir em casa tem de ser o foco do Leão. Já imaginaram se, fora de casa, como será decidir com a Portuguesa ou Guarani em São Paulo, Juventude ou Brasil no Rio Grande do Sul, ou Londrina no Paraná? Fora é para abrir boa vantagem. Em casa é para administrar.

Notas & notas

O Icasa matematicamente ainda pode escapar do rebaixamento. Mas depende combinações de resultados. Terá de ganhar os três próximos jogos (Botafogo, Águia e Asa). Dependendo então dos tropeços de Cuiabá e Águia nas três próximas partidas, o Verdão poderá decidir a vaga com o Cuiabá na última rodada no Romeirão. Complicado.

Tiros longos

Auremir há mostrado versatilidade no Fortaleza. Atuou na ala direita e há entrado bem na meia-cancha. Seu belo gol na vitória sobre o Salgueiro (4 x 1) resultou de conclusão longa, distante, de fora da área. É importante o uso de conclusão assim, pouco usada no futebol brasileiro. Auremir poderia até ser mais frequente nesse tipo de participação.

Milhões. Já está na hora de um basta nos supersalários no futebol brasileiro. A crise econômica está aí à vista de todos. Como pode um clube de futebol começar o mês já devendo R$ 800 mil a um treinador, somente porque o nome do técnico é "grife"? Igualmente com relação aos salários dos jogadores. Enquadrar todos dentro da nova realidade é decisão que os clubes, mais ou cedo ou mais trade, terão de tomar. E quem tomar essa decisão primeiro certamente logo alcançará os melhores resultados.

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