Tom Barros: Não é peça de automóvel

Causou estranheza a má apresentação do Fortaleza na derrota em casa para o até então desacreditado ABC. Nem de longe o time bem definido, homogêneo, que sabia o que fazer com a bola antes mesmo que esta lhe chegasse. Já fiz ver que a saída de Dudu Cearense e Jean Mota e a contusão de Everton poderiam comprometer a produção de um setor que é alma, corpo e vida de um time de futebol. A contusão de Pio, no transcorrer do jogo com o ABC, ampliou o problema. E o resultado foi sentido de forma ampla: em campo só Fortaleza, não o belo futebol do Fortaleza. Mais uma vez provado que jogador não é peça de automóvel ou de um produto mecânico qualquer. É cabeça pensante que às vezes encontra substitutos imediatos, mas nem sempre isso acontece. Mote para reflexão.

Duas vezes

Restou provado que o Fortaleza tem dificuldades quando chamado a abrir modelos fechados dos adversários. Assim diante do Paysandu, assim diante do ABC. O técnico Marquinhos Santos já precisa antecipadamente estudar o que deverá fazer quando novamente se deparar com situações semelhantes. É preciso.

Sem desespero

Mesmo diante do insucesso ocasional, não vejo motivo para desespero tricolor. Vejo motivo para profunda reflexão sobre o que poderá acontecer. Nada de simplificar situações que são apenas de aparente solução. O time está bem na pontuação e na colocação. Há ambiente para, sem transtorno, processar as mudanças necessárias.

Recordando

1976.Vasco/RJ. Desse grupo, depois três atletas treinaram times cearenses. A partir da esquerda (em pé): Mazzaropi, Renê, Abel, Toninho, Zanata e Marco Antônio. Na mesma ordem: Fumanchu, Jair Pereira, Zé Mário, Roberto Dinamite e Luís Carlos. Detalhes: na década de 1980, Zanata treinou o Ceará. Também na mesma década Zé Mário treinou o Ceará e o Ferroviário. Em 2005 Jair Pereira treinou o Fortaleza e o Ceará. (Acervo de Elcias Ferreira).

Gostinho bom

O Ceará não ficou lá, mas já sentiu o gostinho bom de dormir entre os integrantes do G-4. Dá uma sensação diferente, de conquista, de segurança, de ânimo, de confiança. Foi efêmera a passagem. Uma noite apenas. Mas restou provado que dá para chegar outra vez. Mas, para lá se manter, terá de melhorar mais, muito mais.

O próximo

Amanhã, 19h15, no Castelão, o Ceará enfrentará o Oeste, que após a fusão com o Audax/SP revela proposta inovadora, já pelo pensar futurista de seu treinador Fernando Diniz. Confesso-me interessado no acompanhamento da proposta de Fernando, que é psicólogo, centrado e merecedor de todas as atenções.

Felicidade

Richardson tem todas as razões para sorrir e elevar as mãos aos céus. Seu gol na Arena Joinville e a boa qualidade do futebol que ora apresenta levaram-no ao sucesso desfrutado junto à torcida alvinegra. Se os demais do grupo seguissem a regularidade de Richardson, certamente, o Ceará não oscilaria tanto. Muito bom o momento por que passa o atleta.

Cearenses. Quatro cearenses atuaram pela Seleção Brasileira no certame continental. Em dezembro/1959, no último Sul-Americano extra, no Equador, Brasil (3º lugar), representado pela Seleção Pernambucana, jogaram dois cearenses: Zé de Melo (4 jogos, 1 gol) e Geroldo (1 jogo), ambos do Santa Cruz de Recife. Em 2001, na Colômbia, quando o Brasil foi 6º colocado, atuou Jardel (2 vezes). Já em 2004 na Copa América no Peru, Dudu Cearense jogou três partidas e foi 3 campeão. (Dados de Airton Fontenele).

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