Tom Barros: Maestros da bola

Sábado passado no PV houve o encontro de ex-atletas que marcaram a história do futebol. Tive a felicidade de rever Bechara, Salvino, Argeu, Mota, Sérgio Alves, China, Jorge Veras, Lula Pereira, Caetano, Lira, Josué, Jardel, Serginho Amizade, Dimas Filgueiras, o goleiro Roberval, Eder Aleixo, o goleiro Cícero, Pacoti, dentre outros. Minha falha memória não permitiu anotar todos os nomes. Túnel do tempo. No milagre da multiplicação da saudade vi duas figuras numa só: o Salvino de ontem de hoje, o Argeu de ontem e de hoje. O Pacoti de ontem e de hoje. E assim todos os demais. Aí constatei quão certo estava o Padre Antonio Tomás quando no soneto "Contraste" afirmou que a existência é rápida e falaz. E bota falaz nisso.

Meu cenário

Ali mesmo, no velho PV, há alguns anos vi Salvino ágil como um gato. Goleiro felino na defesa dos grandes clubes. Salvino é um bravo dentro e fora de campo. Sua luta contra grave doença renal, que já dura décadas, é o maior exemplo de um homem que vai às últimas consequências em busca da sobrevivência.

Dupla

Lula e Argeu, segurança na zaga do Ceará na década de 1980. Argeu dos Santos teve seu grande momento quando titular do Vasco da Gama na década de 1970. Lula Pereira sabia tanto de bola que, após encerrar a carreira de jogador, assumiu função de treinador. Treinou até o poderoso Flamengo/RJ.

Recordando

Goleiro Salvino

O goleiro Salvino fez história no futebol cearense. Jogou no Ferroviário (1980), no Fortaleza (de 1982 a 1985 e nos anos 1990 e 1991), no Tiradentes (1988) e no Icasa (1992). Ganhou títulos no Fortaleza e no Ceará. Por mais de uma década foi o treinador de goleiros do Fortaleza. Só deixou quando a doença não mais permitiu.

Surpresa

Em meio à sessão nostalgia, num passeio pelo PV do passado, encontro o futebol do presente na pessoa do ala/volante Pio, o homem do canhão na perna direita. Pio, muito simpático, com o seu jeito solene de falar. Taí um jogador que aprendi a admirar tanto pela qualidade do seu futebol, quanto pelo caráter.

Coincidências

Que bom ver o abraço de Pacoti e Jardel. Aí Pacoti me lembrou na hora: o abraço de dois cearenses campeões em Portugal. Pacoti foi ídolo campeão pelo Sporting Lisboa. Jardel foi ídolo e campeão pelo Sporting Lisboa e pelo Porto. Ambos foram também campeões pelo Vasco da Gama/RJ, em épocas diferentes, claro.

Elegância

Bechara, mesmo aposentado do futebol há alguns anos, mantém a postura elegante de jogar. Silhueta de atleta ainda passa a impressão de que poderia estar em ação entre os melhores. Cabeça feita, optou por trabalhar no setor educacional de Maranguape. Foi também maestro da bola.

Notas & notas. No fim do encontro de saudade, cito Eder Aleixo, que vi jovem, dono de um dos chutes mais potentes do mundo. O Eder do golaço do Brasil contra a Rússia na Copa de 1982 na Espanha. Eder, hoje de cabelos brancos, mas correndo bonito com a bola. // Na arbitragem, dois velhos amigos: Manoel Araújo e Dacildo Mourão. Apitaram de forma simbólica, sem cartões. // Repitam a festa em 2018.Faz bem à alma rever toda essa gente. Desculpem-se não ter citado tantas pessoas. Lapso de memória.