Tom Barros: Lágrimas em série

Quanta alegria e quanta tristeza uma Olimpíada traz. Não raro, olhos marejados. É emocionante ver ganhar como ganharam Rafaela Silva (ouro no judô), Thiago Braz (ouro no salto com vara) e Robson Conceição (ouro no boxe). Cada um com sua bela história. É o lado bom da Olimpíada. Mas há também lágrimas nos olhos com derrotas inexplicáveis. Caso da eliminação do futebol feminino do Brasil. O belo futebol de Marta e Formiga sem o ouro. Incrível. A eliminação da dupla radicada aqui no Ceará, Larissa e Talita, também trouxe imensa tristeza. E, finalmente, o vôlei feminino. De tantos shows e triunfos em todos jogos e sets anteriores, a derrota inesperada para a China. Dentre essas derrotas, a que mais entristeceu, creio, foi a do futebol feminino.

Faz parte

A derrota faz parte do esporte e da vida. Saber perder é notável sentimento de humildade. Mas nem todos sabem perder. A natureza humana anseia por vitórias. A vaidade alimenta a necessidade dos aplausos, reconhecimento mundial, pódio, grandeza. Há que se ter elevação espiritual quando nem ouro, nem prata, nem bronze...

Exemplo

Admiro muito os que sabem, sem perder a humildade, alcançar a glória e com ela conviver. Assim o jamaicano Usain Bolt, de 29 anos, recordista dos recordistas, vencedor dos vencedores. Está na terceira olimpíada como o maior do maiores. Mas simpático, acessível, aberto ao público e à imprensa. Diferente de certos bobinhos do futebol...

Recordando

Dia 3 de maio de 1995. Faz 21 anos. Local: sala da presidência da Fifa em Zurique na Suíça. Visita do pesquisador cearense Airton Fontenele ao então presidente da entidade, João Havelange. Anos depois, Havelange retribuiu a gentileza. Havelange veio a Fortaleza e foi à casa do pesquisador, onde foi recebido com festa. Na "Sala João Saldanha", onde está o acervo de Airton. Havelange deixou ali registrada a sua presença.

Crime

Futebol às 13 horas, sob o calor intenso de um sol da metade do dia. Não, gente. É demais. Em plena Olimpíada, que prega o respeito à saúde dos atletas e a preservação do ambiente ideal para o melhor desempenho, como admitir futebol sob colar insuportável? Absurdo. E o que é pior: não vi protesto de entidades ligadas ao esporte.

Repeteco

Notícias de Ceará e Fortaleza são praticamente uma repetição de tudo o que já vem sendo dito há uma semana, apenas com algumas variações. Prefiro esperar a bola rolar outra vez. Aí, sim, com matéria prima de jogos importantes. Escrever sobre treinos caseiros é algo tão gélido quanto a Antártida. Só faltam os pinguins.

Ausência

A atleta cearense Elaine Gomes foi campeã mundial de handebol pela Seleção Brasileira em 2013 e ouro no Pan 2015. Não sei a razão por que não foi convocada pelo técnico Morten Soubak para a Olimpíada Rio 2016. Quando o Brasil foi eliminado pela Holanda, lembrei da Elaine. Se lá estivesse, o talento de Elaine poderia ter feito a diferença. Faltou sangue cearense ali.

Ingrato futebol. Fico triste quando o futebol dá as costas a talentos que mereciam um título mundial ou ouro olímpico. Sofri com a frustração das meninas do futebol brasileiro. Na semifinal jogaram muito melhor que a Suécia, mas foram eliminadas nos pênaltis. Injustiça. Tremenda injustiça. Marta e Formiga já foram prata olímpica duas vezes. Mas, pelo talento, dedicação, arte e amor ao esporte, só mesmo o ouro seria o corolário natural e justo no encerramento de suas notáveis carreiras.