Será possível ainda voltar a fazer um Campeonato Cearense atraente, capaz de empolgar multidões? Pelas circunstâncias de momento, não creio. Há fatores internos e externos que embaraçam as ações. No plano externo, a concorrência de outras competições como a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil. No plano interno, o interminável imbróglio de quem entra e quem sai. O interminável imbróglio dos laudos. O interminável imbróglio dos interesses políticos que lançam mil dúvidas sobre decisões tomadas nos bastidores. Tudo isso torna opaco o certame. No Brasil, que grita por transparência, a forma de condução do "estadual" cearense, tal como está, permite questionamentos indesejáveis. De certa época para cá tem sido assim. Isso não é bom.
Ídolos
Outro fator negativo é a carência de ídolos no futebol cearense. Qual a razão de ainda hoje os atacantes Gildo e Croinha serem lembrados com reverência? Qual a razão de ainda hoje os zagueiros Alexandre e Zé Paulo serem lembrados com reverência? Eles são da década de 1960. Aliás, Alexandre veio da década de 1950. Ídolos de verdade.
Sair de casa
Ídolo faz o torcedor sair de casa para vê-lo em ação nos estádios. O torcedor se sente parceiro do ídolo como se estivesse lado a lado com ele, dividindo os espaços em campo. Com o ídolo bem próximo, torce mais, vibra mais, sofre mais. É torcida individual numa torcida coletiva. Festeja muito mais o gol do ídolo do que o gol de um comum mortal.
Recordando
1975. Rara foto dessa formação do Ceará. A partir da esquerda (em pé): Vander, Roberto, Geraldo, Lineu, Clodoaldo e Edmar. Na mesma ordem (agachados): Mano, Ivanildo, Marcelo Goiano, Jorge Costa e Da Costa. Os irmãos Da Costa fizeram muito sucesso no futebol cearense. João Da Costa jogou na Portuguesa de São Paulo. Na volta atuou pelo Fortaleza. Jorge jogou nos três times grandes da Capital. (Colaboração de Elcias Ferreira).
O Baixinho
Na minha opinião, Clodoaldo foi o último cearense ídolo que desfilou pelos nossos gramados. Um ídolo aqui da terrinha, do Ipu. O Baixinho cheio de graça e de verdade fez jogadas de gênio. Aí, sim, valia a pena sair de casa para vê-lo jogar ao vivo. Depois dele, nenhum cearense com o mesmo talento, com a mesma capacidade criativa.
O Carrasco
Sem o futebol refinado de Clodoaldo, mas com extrema vocação para golear, o pernambucano Sérgio Alves, hoje treinador do Tiradentes, foi o último ídolo que fundiu sua imagem com a do Ceará. Depois dele, dois ídolos tiveram passagem rápida pelo Vozão: Mota e Magno Alves. Mas nenhum com o tempo de história de Sérgio.
Espaço
O preparador físico cearense, Roger Gouveia, foi o profissional do setor que mais ganhou visibilidade. Depois de solidificar sua posição no Pici, consolidou seu trabalho no mercado mais competitivo do país: São Paulo. No Guarani/SP, subiu para o Série B nacional. É o homem de confiança do técnico Marcelo Chamusca. É cearense brilhando lá fora.
Dados & dados. O Circuito de Jangadas, que a TV Diário retomou em 2009, tem seus ídolos. Jangadeiros talentosos que descobrem os segredos dos mares e dos ventos e, por isso mesmo, conquistam a fama pelas vitórias alcançadas. Nesses sete anos de disputa, cito alguns: mestres Fabrício, Juvenácio, Paulinho, Elói, Suélio, Thalles, Eronildo, Geovane, Marco Aurélio, Milton César, Anésio, Silvinho, Iranildo, que sempre "brigam" pelas primeiras posições. Pouco a pouco, o público vai descobrindo os ídolos do mar.