Tom Barros: Futebol em lágrimas

O amanhã é incerto. A vida não tem seguro. Diz São Mateus: "Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado". Mas os sonhos extrapolam o dia de amanhã. O sonho dos atletas e dirigentes da Chapecoense estava programado para uma apoteose longa na decisão da Copa Sul-Americana. Havia projeção, visando a um feito que elevaria esse time do interior de Santa Catarina à premiada conquista internacional. Mas, a caminho da glória, a definitiva interrupção. No lugar do pódio, a tragédia. No lugar da euforia, o luto. No lugar dos sorrisos, as lágrimas. Como compreender todas essas coisas? Só mesmo o conforto divino para superar tanta dor, tanto sofrimento.

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Dois

Dos que estavam no avião, que levava o time da Chapecoense, conheci dois: o atacante Kempes, que jogou no Ceará, e o comentarista Mário Sérgio, ex-jogador e técnico, que dirigiu o Ceará numa passagem polêmica. Kempes teve aceitável razoável em Porangabuçu. Mário Sérgio, por seu temperamento forte, complicou.

Entrevista

Quando técnico do Ceará, Mário Sérgio esteve no Debate Bola (TV Diário). Foi um momento difícil porque ele dissera que, com a qualidade do elenco à sua disposição, o Ceará não iria a lugar nenhum. Gerou clima desconfortável. A entrevista foi tensa, mas dentro dos padrões de respeito. O próprio Mário Sérgio estava mais contido.

Solidariedade

Em momentos de dor coletiva, como o que agora experimenta a Chapecoense, é que se descobre como ainda há solidariedade entre os povos. As manifestações de apoio provam que nem tudo está perdido neste mundo de guerras, terrorismo e tantos conflitos. Na desolação, a descoberta de que o amor e o respeito ao próximo ainda prevalecerão.

Nobreza

O Atlético Nacional, ao pedir que a Conmebol declare a Chapecoense campeã da Copa Sul-Americana, revelou o elevado sentimento de seus dirigentes, fato apoiado por sua torcida. Ato que dignifica o Atlético e traduz a nobreza do esporte. Na renúncia do Atlético à chance de ser campeão, a grandeza de um título maior: a solidariedade.

Gols

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Atacante Kempes, da Chapecoense, aí quando em 2010 jogou pelo Ceará. Pela TV Diário, fiz algumas narrações de jogos em que ele tomou parte. Não chegou a ser brilhante, mas cumpriu de forma aceitável a parte que lhe cabia. Everton Kempes dos Santos Gonçalves nasceu em Carpina/Pernambuco no dia 3 de agosto de 1985. Estava com 31 anos de idade.

Transcendental

O mundo atônito viu imagens da queda do avião que vitimou o time da Chapecoense. Por que as tragédias acontecem? Por que Deus, sendo bom pai, permite desastres assim? Há até religiosos que ficam com a fé abalada. Ora, amigos, os desígnios do Altíssimo são impenetráveis. Se nós, nas nossas limitações, analisamos tudo pelos valores terrenos, como então poderemos compreender o imaterial, transcendental? Foge ao nosso alcance, já pela nossa própria limitação.