Tom Barros: Em Santos o renascer 'daquelas camisas'

Legenda: Todos os três gols do Fortaleza foram marcados no segundo tempo
Foto: Foto: divulgação / Santos

Quando o saudoso Blanchar Girão criou a mística daquelas camisas, certamente teve divina inspiração. Ontem, na Vila Belmiro, o Fortaleza mais uma vez foi além da imaginação. De sepultado e morto no primeiro tempo a uma ressurreição grandiosa na fase final. No início, o Santos desfilou com Jorge, Marinho, Pituca, Sacha e Soteldo. O primeiro gol, Marinho, com um minuto, levou o Fortaleza ao embotamento. Daí aos 3 a 0 foi tudo muito fácil com gols de Jorge e Sacha.

Na fase final, o mérito do técnico Zé Ricardo. Primeiro fez entrar Felipe Pires, que melhorou o Leão. Depois, nos momentos oportunos, quando viu que o Santos já não tinha a mesma intensidade e velocidade, colocou André Luís e Osvaldo para manter o Fortaleza senhor das ações. Assim o gol de Wellington que converteu pênalti sofrido por Edinho. Nove minutos depois, outro gol de Wellington. E fechando a reação, Tinga igualou tudo (3 x 3). O Fortaleza ainda teve chance de virar o jogo. Um reação que deixou os santistas incrédulos. Pensei que o Fortaleza voltaria humilhado com uma goleada arrasadora. O Leão volta para casa altivo, cheio de moral, iniciando a era Zé Ricardo.

Encanto de um lance genial

Momento sublime do futebol. A arte de Arrascaeta numa bicicleta mais que perfeita como o Castelão jamais viu. Se viu, não lembro. Lance para o árbitro paralisar o jogo e em fila indiana todos os jogadores cumprimentarem o autor do gol. Coroou uma bela exibição rubro-negra que teve também o talento e gol de Gabigol e gol de Pablo Mari.

Esforço

O Ceará fez o que lhe esteve ao alcance. Com velocidade e intensidade foi até melhor nos primeiros momentos. Mas o Flamengo, na qualidade de seus precisos toques e depois do gol de Pablo Mari, pouco a pouco tomou conta do jogo. O Vozão criou isoladas situações de perigo, mas lhe faltou ser preciso nas conclusões.

Sutilezas do Flamengo

Os ensaios que terminaram em gol. No primeiro, os homens de trás no ataque: Renê bate o lateral na cabeça de Rodrigo Caio que passa a Berrío. Este, de peito, passa a Pablo Mari que marca o gol. No segundo gol, sete passes sem o Ceará tocar na bola: Gabriel, Arão, Caio, Pablo Mary, Gabriel, Berrío e Gabriel que faz o gol. O Ceará ficou só olhando.

Quando um time fracassa, a culpa é de todos. O Ferroviário perdeu a vaga de uma maneira inexplicável. O empate com o Confiança, após o Ferrão marcar 2 a 0 e ter a vaga ao alcance das mãos (e dos pés), não comporta desculpa. Não é comum um time cair tanto de produção quanto caiu o Ferroviário, a ponto mesmo de travar o seu maior ídolo, Edson Cariús cujos gols desapareceram. Sumiram.

Após a não

Classificação coral, seria interessante uma lavagem de roupa suja, culpa no rosto, face a face, comandantes e comandados. Há algo esquisito na vida interna. Time nenhum "desunera" sem motivo forte. Newton Filho, Jurandir Junior e demais do alto escalão têm obrigação de expor à torcida que contratempos levaram o time a perder o ritmo e a confiança. Lamentável.