Tom Barros: Efeitos dos gols mágicos

Legenda: Rara foto de dois dirigentes, baluartes da história do Fortaleza. A partir da esquerda: Otoni Diniz e o coronel Mozart Gomes. Interessante: no site do Fortaleza, Otoni Diniz está na lista dos presidentes tricolores. Eu não sabia que o coronel Mozart, pai dos ídolos Moésio e Mozartzinho, apesar de ter segurado o Fortaleza em momentos de extrema dificuldade do Leão, nunca foi presidente do clube.
Foto: (Foto enviada por PC Norões).

Há gols que anestesiam o time que os leva. Gols que tornam inerte o adversário assim como o gás paralisante usado por forças policiais. Jamais esqueci o jogo da Copa do Brasil no qual o Botafogo marcou dois gols nos acréscimos e eliminou o Ceará em pleno Castelão. Na ocasião, o Ceará ficou estático, sem reação, hipnotizado. E os efeitos danosos daí decorrentes estenderam-se por várias partidas. Algo semelhante aconteceu com o Paraná. Ao tomar o gol de Fabinho, o do empate alvinegro (3 x 3), o visitante parou. Creio ter imaginado que tudo terminara ali ou que não haveria mais tempo para nada. O Ceará, pelo contrário, entendeu que haveria tempo para tudo. Inspirado no feito do Botafogo, tão alvinegro quanto ele, o Vozão virou. Ganhou. O Paraná deve ter acordado só lá em Curitiba.

De fora da área

Há muito os times cearense não vinham utilizando tão bem os tiros longos de fora da área como o Ceará vem aproveitando agora. Foram três gols salvadores dessa forma. Dois deles feitos por Victor Luís e um outro executado por Fabinho. É uma opção, recurso que poucos times usam, mas de grande eficiência.

Campanha

A reação do Ceará na Série B (vitórias sobre Macaé e Paraná) entusiasmou a torcida para o jogo de volta, amanhã, com o São Paulo pela Copa do Brasil. A dramaticidade na vitória do Vozão no Morumbi leva à indagação: o time reserva do Ceará terá como segurar o tranco? É possível, embora o São Paulo tenha condições de tirar a diferença.

Notas & notas

Antes do jogo Ceará 4 x 3 Paraná, um minuto de silêncio em memória de dona Terezinha Taumaturgo Lopes, mãe do médico e prefeito de Reriutaba, Taumaturgo Galeno. Justa homenagem a esta torcedora alvinegra que fez da vida um ato permanente de amor ao próximo, decência e lealdade, tudo no melhor sentimento cristão.

Adversário a mais

A saída do Fortaleza da liderança, embora tendo ampla vantagem de pontos sobre o quinto colocado, mexeu com a torcida tricolor. Há uma postura cética com relação ao desafio do mata-mata. Mas esse medo exacerbado só tende a prejudicar a equipe. Corrente negativista passa a ser um adversário a mais. Não é por aí.

Experiência

Marcelo Chamusca reclamou da arbitragem em Alagoas. E tem razão. O Fortaleza teve legítimo gol anulado. Mas não pode concentrar nisso justificativa para mais um insucesso. Deve buscar no âmbito interno e entre os jogadores o motivo da não sustentação de melhor desempenho na fase final dos jogos fora de casa. Ele tem experiência para encontrar a solução.

Garantia

 Penso que o Fortaleza como um todo, clube e torcida, não pode se deixar dominar pela dúvida destruidora da autoestima. Igualmente não pode deixar prosperar a queda da autoconfiança. Corrigir os erros é possível sem necessariamente vincular questões do presente com tropeços do passado. O Fortaleza de hoje tem de ter a pujança de hoje e não a vacilação de ontem. Há limites para os medos. E há como vencer os medos. Esses fantasmas têm sido muito prejudiciais ao Leão.

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