A torcida do Fortaleza ainda vive intensamente a alegria da ascensão. Há os que, mesmo diante da feliz realidade, ainda duvidam tenha o sonho sido concretizado. É que esse sonho custou muito caro. Foram anos seguidos de espera. Quando parecia ao alcance da mão (ou dos pés), vinha o vendaval da desilusão e devastava a esperança, impondo tragédias como as dos tsunamis. A torcida tricolor, embora fiel e forte, passou sete anos cabisbaixa, humilhada, submetida a todo tipo de gozação. Mas o oitava ano foi o da libertação. As sete pragas finalmente cederam. E tudo veio com o sopro de uma pregação nova, de paz, de harmonia, de respeito. Em apenas três meses, o presidente Luís Eduardo Girão mandou o tricolor para cima. Subiu.
Cultura
Deve rever seus conceitos quem entendia que a cultura de paz não combinava com o futebol. Luís Eduardo Girão, Marcelo Paz e Marcelo Desidério tomaram posse em junho deste ano. A cultura de paz reabilitou Clodoaldo. A cultura de paz compreendeu Everton. A cultura de paz subiu o Leão para a Série B.
Reflexão
O ano 2017, no qual o Fortaleza mais parecida destroçado, transformou-se no ano de grande alegria. Perdeu o tricampeonato estadual, perdeu a vaga na Copa do Nordeste para o ano de seu centenário e perdeu a vaga direta para a Copa do Brasil. Mas a subida para a Série B valeu muito mais que tudo isso. Fim dos traumas.
Recordando
Há alguns anos visitei o ex-goleiro Satanás em Aracati, onde esta foto foi batida. Satanás brilhou na seleção de Aracati nos anos 1960. A partir da esquerda (em pé): o colunista, o saudoso Juciê Cunha (pai dos jornalistas Antero Neto e Juciê Filho), Satanás, Ivan Silvério (ex-prefeito de Aracati) e Robson. Agachados: Antero Neto e Paulo Nunes.
Ceará em campo
Hoje Santa x Ceará no Arruda. É o Santa saído da zona de rebaixamento. No Castelão, o Santa ganhou de virada (1 x 3). Na época, com a vitória, o Santa voltou para o G-4. O Ceará ocupava a oitava colocação. Hoje as situações se inverteram: o Ceará poderá subir para o G-4; o Santa ameaçado pela zona maldita.
Reação
No Arruda o Santa perdeu para o CRB (1 x 2) na 22ª rodada. Mas na 24ª, também no Arruda, goleou o Goiás (3 x 0). No jogo passado, em Londrina, empatou no Estádio do Café (1 x 1). Em junho, demitiu o técnico Ricardinho e contratou Marcelo Martelotte. Vem num processo de recuperação.
Importância
Na definição do destino do Fortaleza, Everton demonstrou a importância de sua presença, já pela experiência de outras jornadas semelhantes. Houve muita habilidade no trato para sua permanência no clube, após agressões que sofreu de alguns torcedores radicais. Sem Everton teria sido muito mais difícil.
Calma, gente! Marcelo Chamusca pareceu irritado na entrevista após a vitória sobre o Brasil-RS (2 x 1). Afirmou que, ao fazer entrar Ricardinho, não cedeu à pressão da torcida que em coro pediu o jogador. E qual o problema se Chamusca tivesse atendido? Nenhum. Futebol não se faz com uma única voz. Ouvir opiniões faz bem aos treinadores abertos ao diálogo. Felizes os que sabem tirar proveito das críticas construtivas. Não há demérito se o técnico tem a humildade de ouvir a voz da galera. Isso mais o dignifica.