Tom Barros: E se não acontecer

Ontem escrevi sobre os "profetas" do futebol e suas previsões de catástrofe no Pici, caso no próximo domingo o Fortaleza seja eliminado pelo Ferroviário. Sim, e se der o contrário? Se o Fortaleza, numa dessas suas imprevisíveis e espantosas reações, ganhar o jogo e ganhar nos pênaltis? Aí o ambiente estará serenado no Pici, transferindo-se para a Barra do Ceará a agonia de ver mais uma vez o Ferrão morrer na praia. Se assim for, certamente haverá no Ferroviário frustração, mas não reação explosiva. Pelo menos assim creio. É que o Ferroviário está lindo além do que foi esperado pela torcida. Cresceu na desigualdade, superou as injustiças e enfrentou a má vontade de terceiros. Ainda que haja a eliminação coral, esta será menos traumática, já pelos motivos explicados.

Muito além

O Ferroviário iria apenas neste 2017 celebrar o seu retorno à Série A. Bastaria a presença. Ora, fez mais. Muito mais. Passou da fase classificatória, das quartas de final e já agora tem a vantagem do empate neste último jogo com o Fortaleza. Disputou quatro clássicos (três com o Leão e um com o Ceará) e só perdeu um. Foi para o Vozão (1 x 0).

Manutenção

O Ferroviário mudou de treinador - saiu Marcelo Vilar e entrou Vladimir de Jesus - mas não perdeu o ritmo. Garantiu a sequência regular de sua produção. Então, mesmo que aconteça de o Ferrão ser eliminado agora, restará saldo altamente positivo, pois há dois anos o time estava nos estertores, enquanto hoje está na briga para ser campeão.

Recordando

Década de 1960. Rara foto de dois bons atletas do Calouros do Ar, época em que o então time da Base Aérea de Fortaleza tinha destacada participação no Campeonato Cearense. A partir da esquerda, os atacantes Galego e Raimundinho. O atacante Galego era conhecido por ser extremamente veloz. Não sei onde estão Galego e Raimundo. O melhor momento do Calouros foi em 1955, quando se sagrou campeão cearense. (Álbum de Elcias Ferreira).

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Azarão

O Guarani de Juazeiro transferiu para o Ceará o peso da responsabilidade. O Ceará é o maior. O Ceará é o favorito. O Ceará está em casa. Ele, Guarani, entra como azarão. Se perder, já era o esperado. Se ganhar, aí será a glória. Portanto, o Guarani sabe que a pressão estará do outro lado. E disso poderá tirar o melhor proveito para pregar peças.

Comparações

Leilson e Magno Alves. O artilheiro do Guarani, o talento do Ceará. O primeiro, velocidade e juventude; o segundo, sutileza e maturidade. O primeiro em busca de voos mais elevados; o segundo desafiando o tempo em permanente voo estável; o primeiro, plantando para colher; o segundo, colhendo o que plantou.

Substituto

No site do Ceará, há indicativo de que Jackson Caucaia é o mais cotado para substituir Richardson. É possível. Mas nos bastidores há quem aposte na presença de Ricardinho, de início. Quem conhece melhor as condições atuais de cada um é Givanildo. Se balão de ensaio para confundir o Guarani, eis a questão que o técnico Washington Luiz terá de analisar.

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Maiores derrotas. Na sequência da pesquisa de Eugênio Fonseca, cito mais três resultados de Ceará e Fortaleza. 07.09.1950: Fortaleza 0 x 7 Tuna, amistoso em Belém; 29.09.1955: Fortaleza 1 x 6 Sport, amistoso em Recife; 28.12.1960: Fortaleza 2 x 8 Palmeira, final da Taça Brasil em São Paulo. 07.02.1982 Ceará 1 x 8 Guarani, Campeonato Nacional, em Campinas/SP; 19.02.1998 Ceará 0 x 6 Palmeiras, Copa Brasil em São Paulo; 06.09.1998 Ceará 0 x 6 15 de Piracicaba, Série B, em Piracicaba.