Tom Barros: 'Derramaro o gái'

PV, interditado para jogos de futebol. Castelão, disponível para as finais somente após um acordo. De sobra, Estádios Antonio Cruz, Carlos de Alencar Pinto, Alcides Santos, Areninhas e a Praça da Gentilândia... Piada. Por que não voltar ao campo do Passeio Público para deleite do pesquisador Airton Fontenele? Não imaginei chegar a tanto. Lembro do discurso do saudoso Paulino Rocha na inauguração do Castelão em 1973. Vibrando, ele anunciava a redenção do futebol cearense com o novo estádio. Os tempos modernos mudaram o nome de estádio para Arena. Palco multiuso. Assim o "Saint Dennis", assim o "Amsterdam Arena", assim, assim... E o nosso futebol prejudicado a mendigar um acordo com o Castelão. É amigos, "apagaro o candeeiro, derramaro o gái".

Objetivo

O Castelão foi construído para o futebol. Assim seus idealizadores pensavam. O deputado Aldenor Nunes Freire, o Capotinho, foi baluarte dessa construção. Hoje a ingratidão apagou o nome dele que sequer é lembrado senão por poucos que ainda têm compromisso com a honestidade de propósitos. Que diria Capotinho se vivo fosse.

Outro

Na atual situação, que diria se também vivo fosse o saudoso Fares Lopes que presidiu a Fadec, administradora do Castelão por tantos anos? Garanto que calado não ficaria, nem aceitaria essa indevida transferência de comando para empresas que sequer examinaram o calendário do futebol enviado pela FCF em novembro do ano passado.

O modismo

Podem me chamar de ultrapassado, retrógrado, saudosista. Mas desde o princípio repudiei esse nome Arena. A Fifa, com gente que de lá já foi defenestrada, impôs Arena. E aqui, com raras exceções, todo muito engoliu a novidade como sendo linguagem moderna porque palco de outras atividades que não apenas o futebol. Taí no que deu.

Desencontro

Há muito tempo se observa desacerto e choque de interesses entre o que os clubes querem e o que quer a empresa gestora do Castelão. Desde que notei esse desencontro, afastei-me dessa praça. A última vez em que lá estive, ela ainda estava sob o comando de Ferruccio Feitosa. Depois disso, desisti. É coisa estranha.

Rapidez

O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, tem dado muita atenção ao esporte, haja vista a inauguração de Areninhas nos bairros da cidade. Assim, tenho convicção de que dará à sua equipe os meios para com urgência atender às exigências dos órgãos competentes, visando a liberação do PV. Interdição dessa praça para futebol até o mês de abril é um absurdo.

Astúcia. No Castelão não mais me sinto em casa, no meu Estado. Me sinto estrangeiro, mandado por gente de fora. Devolvam o Castelão aos cearenses. O Castelão está entregue a gente que nada tem a ver com a sua história, passado e com as lutas de Aldenor Nunes Freire, Plácido Castelo, César Cals, Paulino Rocha e tantos outros.