Tom Barros: Conviver com a pressão

Legenda: Recordando: 21 de agosto de 2002. Há 14 anos a Seleção Brasileira, comemorando o penta que conquistara em junho no Japão, perdeu para o Paraguai (0 x 1) no Castelão em Fortaleza. A partir da esquerda: Cafu, Rivaldo, Marcos, Gilberto Silva, Anderson Polga, Kleberson, Ricardinho Pozzi, Edmilson, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Nazário. (Colaboração de Fernanda Rocha do departamento de pesquisa do Diário do Nordeste).

Técnico de futebol cedo aprende a suportar os mais diferentes tipos de pressão. Fora a arterial, que controla com remédios, tem a pressão da torcida, a pressão da imprensa, a pressão dos dirigentes. Não é fácil. Quando passa três jogos sem vencer, Deus meu... Aí começa a agonia interior. Se não ganhar a próxima, imaginem o que será dito. Os senhores já sabem a quem me refiro: Flávio Araújo. Se foi contratado com a missão específica de subir o Fortaleza para a Série B nacional, até lá terá um longo caminho que passará ainda e também pela Copa do Brasil. Terá condições de suportar? Taí pergunta de difícil resposta. No futebol brasileiro a impaciência na escassez de vitórias conduz a medidas precipitadas. A mais comum e errada é logo pendurar o treinador.

Longo prazo

Já disse várias vezes e repito agora. O trabalho para o Fortaleza sair da Série C nacional requer tempo, paciência, maturação. Requer prioridade se esse é o principal objetivo do clube. Terá de passar por insucessos até que, com os ajustes, alcance a sintonia fina. Isso não se consegue em dois meses de disputa. Tempo ao tempo, gente.

Precipitações

Não quero acreditar que o Fortaleza irá outra vez tropeçar na mesma pedra. Tirar e botar treinador é fácil. Difícil é sustentá-lo até a missão final. Que seja, pois, com extrema cautela examinada a situação tricolor. Por que Zé Teodoro, Vica, Luís Carlos Martins, Ademir Fonseca e Marcelo Chamusca não alcançaram êxito? Mote para reflexão.

10 x 0

A goleada do Ferroviário que fez de 10 a 0 no Campo Grande teve repercussão no país. Alguns tentaram levar a sério, mas outros quiseram levar na gozação. Ora, em plena Copa do Mundo 2014, no Mineirão, poderia ter acontecido a mesma coisa. O Brasil só não foi goleado pela Alemanha por 10 a 1 porque os alemães resolveram amenizar.

Perdão

A vida é assim: Barbosa recebeu condenação perpétua pelo gol que tomou de Gigghia na perda da Copa de 1950. Jamais foi perdoado. Morreu amargando tal condenação. Já os que perderam de 7 a 1 para Alemanha nem sequer são incomodados. No Brasil lamentavelmente quando pegam um para "Cristo" não há perdão...

Imaginação

Numa fantasia imaginei a Alemanha goleando o Brasil por 7 a 1 no Maracanã no dia 16 de junho de 1950. Uma espécie de Maracanazo fictício. O que teriam feito com Barbosa? Espero que a goleada aplicada pelos alemães no Mineirão em 2014 sirva pelo menos para amenizar a maldição lançada contra a geração de 1950, a mais injustiçada do futebol brasileiro.

Goleadas. No Campeonato Brasileiro de Seleções de 1939, no Campo do Prado, a Seleção Cearense ganhou por 10 a 0 da Seleção do Rio Grande do Norte. Em 1940, também no Prado, outra vez Seleção Cearense 10 x 0 Rio Grande do Norte. Em 1941, já no PV, nova goleada: Seleção Cearense 11 x 1 Seleção do Rio Grande do Norte. Mesmo assim goleada a seleção potiguar revelou Demóstenes que depois jogou e brilhou no Ferroviário, na Seleção Cearense, no Sul do Brasil e na Colômbia (Dados de Airton Fontenele).