Tom Barros: Consequências da derrota

O Fortaleza entrou na semifinal como favorito. Opinião quase unânime em razão mesmo das melhores condições na estrutura, elenco e opções. O próprio técnico coral, Vladimir de Jesus, reconheceu isso quando entrevistado no programa A Grande Jogada apresentado por Sebastião Belmino na TV Diário. Quando a bola rolou no primeiro tempo do clássico tricolor, a impressão de superioridade do Fortaleza aumentou ainda mais. Motivo simples: o Leão tinha o controle de bola e o Ferrão pouco ligava os contra-ataques. A ilusão, porém, foi desfeita após o Ferrão marcar 1 a 0 no início da fase final. Aí o senhor do jogo passou a ser o Ferrão. Deu as cartas. Controlou a meia-cancha. Atacou consciente e criou situações de gol. O Fortaleza desonerou de vez, engolido que foi.

E agora?

O Leão, que entrou como favorito, teve abalado esse favoritismo. O Ferroviário viu crescer a confiança, na medida em que entendeu que o Fortaleza sentira o golpe. Impossível precisar até que ponto essa derrota do Leão abalará o moral do grupo dirigido por Marquinhos Santos. Verdade que é o favoritismo sofreu forte abalo.

Do outro lado

Até que ponto a vitória do Ferroviário poderá dar ao time coral para o segundo jogo o risco do "já ganhou"? Vladimir ainda reconhece o Leão como favorito ou agora pensa diferente? A meu juízo, numa melhor de três partidas, ganhar a primeira é abrir ótima vantagem, mas cuidado para não criar a traiçoeira sensação de que tudo está definido.

Barbas de molho

O Ceará, também apontado como favorito no confronto com o Guarani de Juazeiro, deve ter colocado as barbas de molho depois que viu a derrota do favorito Fortaleza diante do Ferroviário. Ser apontado antecipadamente como possível ganhador tem seus riscos. Produz enganadora sensação de superioridade que pode prejudicar.

Explicação

Logo se complica o favorito quando percebe, ao rolar da bola, que as coisas não lhe estão sendo favoráveis. Quando não encontra as facilidades que esperava encontrar, aí não raro demora a encontrar outros caminhos ou rotas alternativas. Isso demanda tempo e deixa inquietos os jogadores diante da dificuldades imprevistas.

Importância

Na primeira partida diante do Fortaleza, o atacante coral, Mota, pode não ter sido brilhante como nos velhos tempos, mas foi fundamental. Sua presença sempre gerou preocupação à defesa do Leão. E seu gol, que deu mais tranquilidade ao Ferroviário, fará com que a defesa do Fortaleza mais preocupação tenha na próxima partida. É a importância da experiência.

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Copa 2018. Brasil, único presente nas 21 Copas, é o primeiro a classificar-se para a Copa na Rússia, a quatro rodadas do final das eliminatórias. Tite, com oito vitórias seguidas na fase classificatória, alcança feito inédito entre nossos treinadores. Agora é tentar repetir as conquistas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Em agosto e setembro os quatro últimos jogos pelas eliminatórias. Antes, em junho, em Melbourne, dois amistosos do Brasil contra a Argentina (9) e Austrália (13). Dados de Airton Fontenele.