Tom Barros: Comandante notável

Carlos Alberto Torres encantou o mundo. E encantou sem ser atacante goleador. Sem ser o meia clássico. Sem ser malabarista driblador. Encantou o mundo numa posição em que poucos encantam: lateral-direita. Para alguns, ele foi o melhor do mundo. Para os mais entusiasmados, o melhor em todos os tempos. Bom no combate, bom no apoio. Fôlego. Dínamo. Inesquecível para os brasileiros o golaço que fechou o placar (4 x 1) na decisão da Copa do Mundo diante da Itália no Estádio Azteca em 1970 no México. Para os brasileiros, um míssil; para os Italianos, um punhal cujo golpe mortal rasgou ao meio a última esperança da península Itálica. Carlos Alberto saiu de cena anteontem, mas imortalizado na gravura de um dos mais belos lances que o futebol já produziu.

Polêmico

Se há unanimidade no reconhecimento da qualidade do futebol de Carlos Alberto em campo, fora de campo o polêmico atleta criou embaraços. O maior deles ao detonar Tostão, seu companheiro de tri no México, chamando-o de demagogo após discordâncias sobre pensão aos campeões do mundo que estivessem em dificuldade.

Mudança

Quando Carlos Alberto sentiu que o fôlego não dava mais para ser ala, refugiou-se no acolhedor abrigo da zaga, onde não é preciso tamanho emprego de energia. Ainda assim foi brilhante na nova posição, seguindo firme no exercício de sua nova e exigente função. Na zaga ele foi muito bom; na lateral-direita, incomparável.

Recordando

Carlos Alberto Torres e Nicácio, quando o capitão do tri mundial do Brasil atuou pelo "combinado" Icasa/Guarani contra o Fluminense/RJ no Romeirão. O jogo aconteceu em 1976, há 40 anos. Ficou a lembrança desta foto que certamente Nicácio guardará ainda com mais carinho. Nicácio foi volante destaque no futebol nordestino (Icasa, Guarani/JU, Botafogo/PB, Ceará e ABC). Hoje é cronista esportivo em Juazeiro do Norte.

Confissão

Sim, confesso minha admiração pelo capitão Carlos Alberto pelo talento que foi e pela liderança que exerceu por onde passou e durante tantos anos. Mas a minha alma estremecerá inconformada se eu não disser que Bellini foi o capitão dos capitães. O que sublimou com gesto de grandeza o ato de recebimento de um troféu.

Reconhecimento

Fica uma lacuna na lateral-direita e na zaga do futebol mundial. Esses espaços ficarão simbolicamente abertos em sinal de respeito ao Capitão do tri. O campo de futebol não se assemelha às agremiações literárias onde as cadeiras dos imortais são ocupadas por pessoas diferentes ao longo da história.

Momento maior

Elevação da Taça Jules Rimet no Estádio Azteca, após a vitória sobre a Itália e a conquista do tricampeonato mundial pelo Brasil, que então ficou com a posse definitiva do troféu. O capitão Carlos Alberto ergue a taça no meio da multidão. O momento maior do grande comandante, mostrando ao mundo o prêmio pelo espetáculo de futebol oferecido ao planeta.

Outros capitães. Não sei bem a razão, mas dentre os cinco capitães do penta da Seleção Brasil, os mais festejados sempre foram Hideraldo Luiz Bellini e Carlos Alberto Torres. Talvez por terem sido respectivamente o primeiro e último da "Era Jules Rimet". Mauro Ramos, que também ergueu a Jules Rimet não tem sua imagem tão exposta e festejada quando Bellini e Carlos Alberto. Dunga não tinha as graças da imprensa. E Cafu, apesar de brilhante jogador, não foi ão festejado quanto de Bellini e Torres.

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