Com o coração ainda muito triste, volto a escrever sobre Copa do Mundo. Para mim, teria encerrado tudo na despedida brasileira em Kazan. E a tristeza tem um motivo: a Canarinho era que hoje deveria enfrentar a França. A Bélgica tem qualidade, mas o Brasil foi melhor que a Bélgica no jogo. Agora é tentar esquecer para não reabrir o que já está quase cicatrizado. Hoje, teremos o primeiro finalista. A França é melhor que a Bélgica. Mas isso nem sempre define. A Espanha era melhor que a Rússia, mas também sobrou. Seja o que Deus quiser. Nem sei quem desejo ver no pódio. Croácia? Talvez. A bandeira quadriculada assinala os vencedores da Fórmula-1. A camisa quadriculada da Croácia pode ser premonição.
Ainda bem
Vejo que os brasileiros estão compreendendo melhor os resultados adversos do futebol. Já não sacrificam ou condenam tanto como antes os atletas. Entenderam que eles lutaram, tiveram brio. Mas a sorte estava de um lado só, com o gol contra que acabou definindo. Nada de execrar alguém.
Condenação
Graças a Deus não há mais a condenação perpétua como fizeram com a Seleção Brasileira de 1950, principalmente com o goleiro Barbosa. Para ele o título de vice-campeão do mundo, no lugar de ser uma marca de conquista, foi sentença de morte, de insulto, de galhofa, até o fim da vida.
Recordando
Seleção Brasileira vice-campeã do mundo de 1950. A partir da esquerda (em pé): Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo e Bigode. Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. Apesar de vice-campeão do mundo, esse time foi amaldiçoado. O goleiro Barbosa jamais foi perdoado, acusado de ter falhado no gol que nos tirou o título. Injustiça!
Execração
Em outros países o título de vice-campeão do mundo é respeitado. Foram vice-campeões: Alemanha (quatro vezes); Argentina e Holanda (três); Brasil, Itália, Tchecoslováquia e Hungria (duas vezes). Suécia e França (uma vez). Só aqui execraram, massacraram, as seleções vice-campeãs, mormente a de 1950.
Frieza
Não acho correto qualquer decisão agora, a respeito do futuro da Seleção Brasileira. Ainda estamos sob o efeito da frustração pelo insucesso. Depois, já com isenção e cabeça fria, será mais fácil descortinar o que seja melhor em termos de preparação. Nada melhor do que tempo ao tempo para começar tudo outra vez.
Questionado
Até antes da Copa da Rússia, Tite jamais teve seu trabalho questionado. Ganhou a unanimidade nacional. Após a derrota para a Bélgica, surgiram algumas contestações: demora nas mudanças e não tornar titulares jogadores que entravam e que faziam o time crescer. Só a derrota revela o lado negativo.
Parabéns Ferrão
A torcida coral vive a glória da ascensão: o Ferroviário é Série C nacional. Não foi fácil. Perdeu o jogo (1 x 0) num gol nascido de lance duvidoso, mas soube controlar os nervos e segurar a pressão. Na decisão por pênaltis, a perfeição, a frieza, o cálculo milimetricamente feito. Missão final nos pés do artilheiro. E Edson Cariús não vacilou. Marcou o gol. Teria de ser dele, por merecimento, o lance mais importante da disputa. A subida é de todos, mas Cariús é o nome desta conquista.