Tom Barros: Cadeiras vazias

Ontem o assunto foi estádio diante da polêmica exposta sobre sua utilização e prioridade para o futebol. Isso era assunto para nem ser discutido, pois os estádios de Fortaleza foram criados para o futebol, motivados pelo futebol e, só em termos secundários, para outras finalidades. Agora analiso o outro ponto que incomoda: ver um Castelão tão imenso, tão moderno, tão chique, mas, por mais paradoxal que pareça, cheio de cadeiras vazias. Por que não há preços mais convidativos para atrair maior público? Daí surge a elitização de uma frequência que já foi bem popular. O meu povão brasileiro, pelos preços, foi sendo expulso das praças esportivas. Por que na Europa os estádios são lotados sempre? Lá as mentes não são vazias. Aqui, as cadeiras e as mentes.

Poder aquisitivo

Alegam que o poder de compra do europeu é maior e por isso os estádios de lá sempre estão lotados. Verdade. Apesar de lá os preços dos ingressos serem altos, a renda familiar também mais alta permite melhor presença de público. Então que se faça a aqui a devida adequação, ou seja, preços menores para renda familiar menor.

Entraves

É ridículo ver em quase todos os jogos o anel superior ou o inferior do Castelão sem uma viva alma. Há medidas que também reduzem a presença de público. Ora, o clássico Ceará x Ferroviário foi num sábado às 21 horas, quando se sabe que nas baladas de sábado há outros apelos bem mais em conta. Que se faça, pois, a correção de rumo.

Recordando

Década de 1990. A partir da esquerda o então prefeito de Fortaleza, Antonio Cambraia, e o saudoso desportista Fares Lopes. Descerramento de placa alusiva a reforma havida no Estádio Presidente Vargas. Em 2011, a prefeita Luizianne Lins entregou o novo PV, pronto para receber até os treinos das seleções que vinham para a Copa 2014. Lá treinaram Itália e Holanda. Hoje o PV interditado para o futebol. Não dá para entender.

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Inconveniências

Há que se levar em conta a distância do Castelão e os riscos decorrentes da onda de violência por que passa Fortaleza. A programação dos jogos tem de examinar a melhor maneira de evitar horários inconvenientes. Hoje o risco de assalto é levado em consideração na hora de o cidadão sair de casa. Sem contar as brigas nos próprios estádios.

Medidas

No tópico “Recordando”, tenho feito um levantamento de fotos batidas há dez anos. Em muitas delas aparece o PV lotado em jogos entre time grande e time médio. Isso há apenas dez anos. Por que houve o recuo da torcida? Ora, no atual certame os jogos foram mandados para o Domingão em Horizonte... Como querem lotação?

Brado isolado

O único narrador que eu vejo ainda preocupado em criar mecanismos para levar mais público aos estádios é o líder de audiência, Gomes Farias. Não é voltar a “geral” como antigamente. Aquilo era discriminação. Mas uma “geral” diferente, em lugares estratégicos, com preços ao alcance das populações menos favorecidas. Estádio tem que ter gente. Sem público fica banguela.

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Cliente. Há que se oferecer comodidade ao torcedor. A AMC, por exemplo, atendendo aos apelos dos desportistas, fez uma redefinição na sinalização da Gentilândia, criando mais vagas de estacionamentos nas ruas próximas ao PV. Isso, segundo o superintendente da AMC, Arcelino Lima, reduz a possibilidade de o torcedor ser assaltado, fato comum quando deixava o carro mais distante. Ele tem razão. Coordenar ações assim é uma necessidade. Torcedor é cliente e como tal deve ser tratado com distinção.