Tom Barros: Basta de bater na trave

A meta para 2017 é a ascensão do Ceará para a Série A e a do Fortaleza para a Série B. O Ceará foi rebaixado para a "B" em 2011 (18º lugar). Depois disso, estacionou. Esteve a um ponto para subir. Esteve a um ponto para cair. Mas há cinco anos pena na segunda divisão como quem passa expiação no purgatório. Vai, pois, para o sexto ano de amargura. O Fortaleza foi rebaixado para a Série C em 2009 (18º lugar). Depois disso estacionou. Foi eliminado em quatro matas-matas: pelo Oeste no PV (2012), pelo Macaé no Castelão (2014), pelo Brasil/RS no Castelão (2015) e pelo Juventude no Castelão (2016). Há sete anos o Leão pena na Série C, igualmente como quem passa expiação no purgatório. Vai, pois, para o oitavo ano de amargura. Portanto, basta de bater na trave.

Lembrete

Em 2013, a eliminação do Fortaleza pelo Sampaio Corrêa em pleno Castelão superlotado não foi num mata-mata, mas no último jogo da fase classificatória. O Fortaleza precisava da vitória. Um empate classificaria o Sampaio. Foi o que deu aos 47 minutos do segundo tempo. Aí o Fortaleza foi eliminado, mas não num mata-mata.

Desta vez

Não dá para aceitar mais um ano na mesmice, numa repetição de insucessos que se tornou intolerante. Tanto dinheiro investido em técnicos de fora, sem que a ascensão aconteça. Tantos jogadores também "importados", sem que os times ascendam. Vem aí mais uma disputa nacional. Queira Deus desta vez dê certo para os cearenses.

Recordando

2007. Há dez anos o Icasa foi vice-campeão cearense. Aí estão, a partir da esquerda, três integrantes daquela ótima equipe: Wanderlei, Ciel e Isaac. Detalhes: Wanderlei Começou no Guarany/S. Depois jogou no Ceará e no Fortaleza. Jociel Ferreira da Silva, Ciel, teve polêmica passagem pelo Ceará no ano passado. Está no Al-Ittihad Kalba. Isaac, em 2013, jogou no Changchun Yatai da China. Em 2016 jogou no Botafogo/SP.

Motivo

Por qual motivo vários jogadores saem das bases dos times cearenses, mas só fazem sucesso fora, muitas vezes no exterior? Por que Ceará e Fortaleza não tiram melhor proveito, utilizando-os primeiro nos seus times principais para só depois vendê-los por preços compatíveis? Nisso tudo há algo que não consigo entender.

Investimento

Pelo que sei, o Ceará faz investimento pesado no CT da Itaitinga. É tudo do bom e do melhor. Estrutura comparável aos grandes times do país. Entretanto poucos jogadores vindos das bases se firmam no time principal. Qual a razão. Que barreira há, dificultando a afirmação de jovens atletas que poderiam ser a solução das carências alvinegras?

Preparado

Em 2016, Hemerson Maria pegou o Fortaleza numa situação emergencial no mata-mata. Perdeu. Agora monta o time de acordo com suas convicções. Se subir para a Série B entrará para a história. E conquistará o que não conseguiram Zé Teodoro, Vica, Luis Carlos Martins, Ademir Fonseca, Júlio Araújo, Marcelo Chamusca, Marquinhos Santos...

Semelhança. O Fortaleza também investe pesado no CT Ribamar Bezerra. Mas tem o mesmo destino do rival: quase nada de proveito das bases no time principal. É algo esquisito. Há alguns anos, no Ceará e no Fortaleza predominava uma maioria cearense na formação. Hoje, os dois times se tornaram reféns de "importações" o ano todo. Contem quantos jogadores só agora para a temporada 2017 Fortaleza e Ceará contrataram. Um dia eu compreenderei como essa coisa estranha funciona.