Conheci Juazeiro do Norte em 1970, quando da festa de inauguração do Estádio Mauro Sampaio (Romeirão). Tempos de esperança para o futebol do Cariri. Icasa e Guarani, anos depois, passaram a integrar a Série A do Campeonato Cearense. O futebol ali prosperou, apaixonou, ganhou dimensão profissional. No Romeirão atuaram ídolos como Pelé, Garrincha, Sócrates. E times famosos como Cruzeiro, Corinthians, Vasco... O Icasa cresceu tanto que em 1013 ficou a um ponto da Série A nacional, faltando pouco para entrar na elite dos 20 melhores times do Brasil. Depois disso, só queda, choro, decepção, lamúrias, derrotas, goleadas, humilhações. O futebol de Juazeiro hoje é uma vergonha. Apanha o Icasa. Apanha o Guarani. E os dois pendurados à beira do precipício.
Década de 1970. Uma das melhores formações do Icasa em toda a sua história. A partir da esquerda (em pé): Catolé, Nena, Zé Quinto, Jatahy, Zé Maria e Tangerina. Na mesma ordem (agachados): Manuelzinho, Zé Gerardo, Louro, Luís Francisco e Geraldino Saravá. Detalhes: Geraldino é o maior artilheiro da história do Romeirão com 72 gols e também o maior artilheiro da história do Castelão com 98 gols.
Ídolo
Na década de 1970, Geraldino Saravá dignificou o futebol de Juazeiro e do Cariri. Goleador nato. Não por acaso, como citei, ainda é o maior artilheiro da história do Romeirão e do Castelão. Narrei muitos gols dele nas suas passagens por Fortaleza, Ceará, Ferroviário, Icasa e Tiradentes. Se estivesse em ação no futebol de hoje, ganharia fortunas.
Inexplicável
Até hoje não entendi a razão desta descida do futebol juazeirense. Talvez antigos dirigentes como Zacarias Silva e Kleber Lavor possam aclarar as dúvidas que tenho sobre o assunto. Sei que há alguns anos o técnico Francisco Diá e o ex-jogador André Turatto denunciaram o abandono a que estava jogado o Icasa. Estão aí as consequências.
Ratos
Os fatos mais recentes emporcalharam a imagem do futebol juazeirense, haja vista parcerias escusas e fracassadas. O Icasa vendeu alma, coração e vida a forasteiros e hoje amarga o desengano das trapalhadas. E os culpados? Quem são os culpados? Quando o navio começa a adernar, os que primeiro o abandonam são os ratos...
Pujança
Tenho admiração por Juazeiro do Norte, por seu povo hospitaleiro e bom. Quantas vezes fui a Juazeiro narrar futebol. E sempre senti o prazer de uma doce acolhida. Testemunhei a pujança do futebol caririense. Agora Já é hora de uma retomada. Icasa e Guarani têm história e não podem servir de mote para galhofas e pilhérias.
Desenvolvimento
O Cariri é um centro admirável de produção de alto nível em todos os segmentos da atividade humana. Um polo de desenvolvimento que alcança excelência na cultura, na ciência, na indústria, no comércio, no esporte, na política. Como pode ali o futebol murchar e fenecer? Aguardo o brado para a retomada.
Cratinho de açúcar. Tenho também carinho especial pelo Crato. Em 1982, narrei Ceará 1 x 2 Bangu/RJ na inauguração do Estádio Virgílio Távora (o Mirandão). Imaginei que a partir dali Crato fosse decolar para grandes feitos no Campeonato Cearense. Até hoje, porém, isso não aconteceu. Crato teve apenas tímidas participações. Mas sei que há potencial latente. Se houver um pouco mais de esforço, Crato poderá fazer história. O município é acolher. Seu povo simpático e bom.
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