Poder de superação
Terá o jovem time do Fortaleza personalidade para não se deixar abater pela virada que tomou do Ceará? Só o tempo dirá. Verdade é que o Tricolor se perdeu após sofrer o gol de empate. Ficou como que anestesiado, vendo a fulminante reação alvinegra. O pavor no momento do jogo foi compreensível. Agora resta saber se o Leão terá como se recompor, sem ter abalada a sua autoconfiança, principalmente se voltar a enfrentar o Ceará. O embotamento que assolou o Fortaleza após o primeiro gol de Bill, se efêmero, não representa perigo. Se, porém, gerar temores para os próximos encontros, aí, sim, poderá comprometer o ótimo trabalho de Marcelo Chamusca.
Articulação
Observe que o Fortaleza estava bem definido. Corrêa no bloqueio, Walfrido saindo para o jogo, Marcelinho Paraíba, de forma perfeita, fazendo a ligação, mediante posicionamento variado que dificultava a marcação contrária. Depois do gol de Bill, nada mais disso aconteceu. O time de Marcelo Chamusca não mais articulou, não mais tomou a iniciativa, não mais atacou. Ninguém entendeu como de repente passou de dominador a dominado, de vencedor a derrotado, de senhor do jogo a subordinado deste. Caso sério para refletir.
Imagens das Copas. 13 de junho de 2005. Frankfurt, Alemanha. A partir da esquerda: Joseph Blatter, presidente da Fifa, e Franz Beckenbauer, presidente do Comitê Organizador da Copa de 2006. Beckenbauer foi um dos maiores ídolos do futebol mundial, líbero alemão campeão do mundo em 1974.
Dois a dois
Dois da capital, Fortaleza e Ceará; dois do interior, Icasa e Guarany/S. Será que pela primeira vez na história um time do interior se sagrará em campo campeão cearense? O Fortaleza pinta de favorito diante do Verdão; o Ceará pinta de favorito diante do Bugre. E tem mais: outra vez os times do interior definirão seus destinos em Fortaleza.
Em campo
Quando cito time do interior ganhar o título em campo é porque o Icasa já foi campeão estadual em 1992, mas no tapetão, quando proclamados quatro campeões: Fortaleza, Ceará, Icasa e Tiradentes. Esse tabu resiste, apesar de Icasa ( quatro 4 vezes), Juazeiro (uma vez) Guarani/J (uma vez) e Guarany/S (uma vez) já terem chegado à decisão.
Exibição
Ontem registrei que Marcelinho Paraíba fora o melhor do clássico. Hoje rendo-lhe homenagem especial. Afinal um veterano que desfiliou em campo, ante atletas jovens que o olhavam com reverência. Os passes precisos, a inversão de jogadas, os dribles curtos, repertório rico em talento e criatividade. Parecia um menino em campo.
Palavra infeliz
Na Veja, Roberto Pompeu de Toledo escreveu que Bellini era medíocre no que fazia. Mas Pompeu também diz que Bellini foi capitão exemplar: "Se não tinha técnica, encarnou o empenho e a entrega - a raça, como se diz no futebol". E acrescenta: "Virou o paradigma do capitão no futebol brasileiro". Oh, Pompeu! Só não engoli a palavra medíocre.
"No intervalo, o Sérgio Soares disse que não poderíamos jogar tão mal como jogamos no primeiro tempo. O time mudou. Ganhamos o jogo".
Samuel Xavier
Ala do Ceará (explicando a transformação da equipe na reta final do jogo na vitória sobre o Fortaleza)