TOM BARROS

Ocupação de espaços

Ouvi ótima entrevista do tricampeão mundial Rivelino. Ele lembrou que na Seleção Brasileira de 1970 apenas o Clodoaldo marcava. Gerson e o próprio Rivelino procuravam ocupar os espaços para dificultar o trabalho dos adversários, mas jamais exercendo papel de marcador, máxime na concepção de hoje. Rivelino levou os cronistas a uma reflexão quando disse que a atual Espanha não marca, mas sim cerca os adversários, reduzindo os espaços. E provou que Iniesta não marca ninguém, nem tampouco seus companheiros de setor. O Riva tem lá suas razões.

Gênio. Muita gente argumenta que no futebol fechado de hoje Garrincha não faria o que fez no seu tempo. Bobagem. No futebol fechado de hoje Messi faz o que faz. Gênios estão acima das retrancas. Recordando. Na minha avaliação, a Seleção de 1958 foi a melhor de todos os tempos. Campeã do mundo na Suécia, superou traumas e complexos e abriu o caminho para as maiores glórias do futebol brasileiro. A partir da esquerda: Vicente Feola, Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar. Na mesma ordem (agachados): Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagalo e Paulo Amaral. Uma seleção inesquecível.

Convocação

Rivelino condenou o que chamou de convocação tática, ou seja, em detrimento de um jogador mais qualificado, chama-se um apenas para cumprir específica função. Síntese: o Riva acha que tem ser chamado primeiro o bom de bola. Concordo.

Craques

O Riva tem razão. A vocação brasileira em 1970 foi levar os craques ainda que em outras funções. Caso de Piazza. E restou provado que Pelé e Tostão podiam jogar juntos. Na meia, sem marcar, Gerson e Rivelino. Era o futebol arte.

Para Garrincha a superfície de um lenço era um latifúndio".

Armando Nogueira

Famoso jornalista e cronista Esportivo, responsável pelo criação do Jornal Nacional da Rede Globo. Armando morreu em março de 2010. Por sua frase já se vê o que o Mané precisava para desmontar seus marcadores

Superiores

Não tenham nenhum dúvida: Garrincha e Pelé fariam hoje o que fizeram no seu tempo. Leônidas da Silva Maradona, Ronaldo Nazário, Romário, Johan Cruyff, Stanley Matthews, dentre outros, ficam no rol dos seres superiores no universo do futebol.

Três na cola

Hoje alguns cronistas dizem que Mané Garrincha não teria mais o espaço que tinha. Que espaço? O Mané sempre teve três na sua cola. E num curto espaço do campo desvencilha-se de todos eles. É um erro querer trazer Mané para o mundo dos jogadores comuns.

Atual

Reforçando o que afirmo está aí o talento de Neymar. Ele não é um gênio como Garrincha e Pelé, mas, mesmo sofrendo implacáveis marcações, Neymar tem feito golaços, desfilando entre brutamontes que tentam derrubá-lo.

O argentino

Por acaso o craque Lionel Messi não há desmanchado também as marcações fortes que tentam barra-lo? Os esquemas fechados não têm sido desmoralizados pelo talento de Messi? Ora, se Messi faz o que faz hoje, imaginem o que fariam Pelé e Garrincha...