Decepções e vexames
A CPI do futebol, tão esperada pelos que pregam a depuração desse esporte, queira Deus não seja mais uma de tantas que em nada resultaram. Na linha de frente o senador Romário que vem surpreendendo pela postura incisiva em defesa da moralização não apenas no futebol, mas em todos os segmentos da vida política nacional. Abrir os porões da CBF, federações e clubes, uma necessidade; cobrar transparência nas transações, obrigação. Os contratos publicitários com redes de televisão não podem jamais ficar nos esconderijos dos dirigentes que movimentam bilhões de reais e choram miséria. Aí está a CPI do futebol. Esperança de passar a limpo esse esporte que tantas glórias deu ao Brasil pelos gramados do mundo, mas agora só decepções e vexames produz.
MP do futebol
Se de um lado a CPI promete ir fundo nas investigações sobre corrupção, a MP visa a sanear os clubes na parte financeira, que atualmente compromete até a existência de grandes agremiações. Se a MP do Futebol não foi aprovada com os rigores do texto original, pelo menos abre caminhos para novo direcionamento.
Ajustes
O tempo dado aos clubes para "zerar" as contas é longo demais: 20 anos. Em compensação, o não cumprimento do acordado poderá resultar em rebaixamento. Daí a possibilidade e necessidade de uma nova política salarial nos clubes, fixando valores para jogadores e técnicos dentro da realidade econômica nacional.
Recordando
2005. Assim se passaram dez anos... Ceará. A partir da esquerda (em pé): Leandro, Alexandre Dorta, Sidney, Márcio Alemão, Adilson Paredão e Giordano. Na mesma ordem (agachados): Moré, Evanilson, Júnior Cearense, Batata, Kiko e Marcelo Rosa. Detalhes: Moré continua em atividade. Júnior Cearense é treinador. Adilson em 2014 estava no Santo André. Não se Adilson já se aposentou. (Colaboração de Elcias Ferreira).
Efeitos
Num primeiro instante, a MP do Futebol não afetará os valores salariais de contratos já existentes. Entretanto, pela responsabilidade fiscal, a médio prazo haverá redução gradual. Os valores estratosféricos pagos a alguns técnicos e jogadores certamente com o tempo se adequarão, ficando compatíveis com o novo momento.
Mercado
No plano interno será possível trazer os contratos para valores compatíveis, mas há um dado que poderá comprometer a iniciativa: os valores do mercado internacional. Se já agora o "euro" leva para a Europa o que eles bem entendem, imaginem quando houver redução salarial aqui no plano interno. Só o tempo dirá como vai ficar.
Meta
Agora a vantagem do técnico do Fortaleza, Marcelo Chamusca, é dispor ainda de bom tempo para voltar a fazer o Leão mais eficiente nas conclusões. Um gol por partida no mata-mata é sofreguidão, incerteza, risco de recaída. O Leão fez dois gols na estreia pela Série B este ano e nos dois jogos seguintes marcou três gols em cada. Retomar essa eficiência é a meta.
Mudanças. Toda mudança gera apreensão. As incertezas são naturais quando novos dispositivos legais entram em vigor. O Futebol brasileiro experimentará agora duas situações muito diferentes. De um lado, o rigor nas prestações de contas dos clubes; de outro, o desmonte de esquemas de corrupção. A expectativa é de que o resultado daí decorrente traga de volta a respeitabilidade que o futebol já teve dentro e fora de campo. Assepsia geral, pois, na parte visível e na parte invisível desse esporte.
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