Tom Barros

Além da imaginação

Em verdade, em verdade, vos digo: o Fortaleza é além da imaginação. Quando se imagina inferior, aí superior se torna. E ganha força para superar adversário teoricamente melhor e mais estruturado. A história tricolor é feita de atos de grandeza, de elevação. De crença, quando na adversidade; de confiança, quando na dúvida; de coragem, quando tudo parece perdido. Há algo transcendental, invisível aos olhos humanos, a iluminar corações e mentes tricolores. Aos 45 da fase final, o penta estava em Porangabuçu. Aos 47, a taça tomou o rumo do Pici. O Leão soube se impor diante do campeão do Nordeste. E inundou a cidade de bandeiras, camisas e faixas tricolores. Em verdade, em verdade, vos digo: o Fortaleza é muito além da imaginação

Recordando

O último título conquistado pelo Fortaleza aconteceu há cinco anos, no dia 2 de maio de 2010. Na ocasião, o Fortaleza, nas disputas de pênalti, sagrou-se tetracampeão cearense. Na foto, a festa comemorativa. A partir da esquerda: o goleiro Fabiano (acena quatro com as luvas brancas) ao lado de Rinaldo. Fabiano foi o herói do titulo. Ele pegou o pênalti batido por Misael, do Ceará, exato o que garantiu o tetra e o triunfo do Tricolor de Aço.

Destaque

Daniel Sobralense. Sim, ele não foi tão brilhante durante todo o jogo. Mas, por seus lampejos, fez a diferença pela qualidade de um futebol inteligente, oportuno e de qualidade primorosa. O seu gol (1 a 0) foi uma obra de arte para ser vista, revista e perpetuamente contemplada nas imagens imortais dos jornais e das televisões.

O jogo

O empate (2 x 2) teve dramaticidade jamais vista em decisão cearense. O Leão ganhou o primeiro tempo (1 x 0). A poucos minutos do fim do jogo, o Ceará, com um a menos, fez o inacreditável: virou de forma espetacular com Ricardinho e Assisinho. Nos acréscimos, Cassiano virou herói do título tricolor ao estabelecer 2 x 2. No cômputo dos dois jogos, o Leão mereceu o título.

O treinador

Marcelo Chamusca mereceu o título. Entrou em desvantagem na decisão, mas logo no primeiro jogo quebrou a diferença. Ontem armou um time que poderia ter aberto maior margem de gols no primeiro tempo. Não o fez. Sofreu. Errou. Acertou. Foi contestado quando fez entrar Cassiano. E eis que Cassiano fez o gol do título. Futebol é assim, gente.

A nódoa

Parte da torcida tricolor, que invadiu o campo, deixou uma nódoa triste na festa que seria impecável. A violência inaceitável manchou o cenário que estava preparado para inesquecível e perfeita comemoração. Os organizadores e o sistema de segurança foram inoperantes, lerdos e incompetentes. Lamentável.

Jogador símbolo

Não me prendo apenas ao jogo de ontem. Analiso o título tricolor como um todo. E, nesta campanha, ninguém foi mais sangue, doação, raça, camisa, do que Corrêa. Um símbolo que se junta a tantos outros que entraram para a história tricolor, já pela fibra e determinação, como, por exemplo, Zé Paulo, Luciano Frota, Daniel Frasson, todos campeões em épocas passadas.

Da eleição ao título

Jorge Mota, presidente pé-quente. Ao assumir, disse que não teria prioridade. O Fortaleza iria disputar com a mesma disposição todas as competições. E assim tem feito. Embora tenha sido eliminado da Copa do Nordeste, lutou muito. E só caiu nos pênaltis ante o Sport/PE. Já agora, na primeira decisão que enfrentou, conseguiu o título exatamente em cima do maior rival. No roteiro, seguir na Copa do Brasil e perseguir o desafio maior: subir para a Série B nacional. Tem condições.