Tom Barros

Escolinhas em profusão

Tem aumentado muito, aqui em Fortaleza, o número de escolinhas de futebol que preparam jogadores para times do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. São parcerias e/ou filiais com boas estruturas que avaliam, treinam e remetem para as matrizes jovens ainda nos cueiros. Tudo é legal. Nada contra. Mas, de qualquer forma, gera polêmica: por que não preparar os jovens para aproveitamento pelos nossos clubes? Na medida em que aumentam as parcerias com clubes de fora, proporcionalmente diminuem as chances de os times locais aproveitarem os jovens talentos. Isso sem contar com o "comércio exterior", ou seja, empresários que mandam para a Europa promessas aqui descobertas. Os clubes locais precisam examinar bem essa parte.

Cenário

Há décadas, só os clubes profissionais formavam jogadores de futebol. Também faz tempo que esse monopólio foi quebrado. O cenário atual revela-se favorável aos bons olheiros. Estes poderão ganhar fortunas se descobrirem gente talentosa. Aí entra a figura do intermediário. Podem ser procuradores e empresários, todos com seu elevado grau de interesse.

Marca

Longe o tempo em que o atleta, formado no clube, com o clube se identificava na conduta, na participação, na história, na tradição, numa verdadeira fusão de imagens como costumo dizer. Hoje essa identificação é difícil, pois efêmeras as permanências. O atleta não cria raízes e vira nômade. Como andarilho não permanece em lugar nenhum. Perde os vínculos.

Recordando

09 de agosto de 2006. Estádio Elzir Cabral na Barra do Ceará. Primeiro dia de trabalho do atacante Sérgio Alves, então contratado pelo Ferrão. Sérgio é um dos maiores ídolos da história do Ceará. Jogou em muitos clubes: Sport/PE, Central/PE, Sion (Suiça), Joinville, ABC, Fluminense/RJ, Santa Cruz, Bahia, Ponte Preta, Guarani/SP, CRB, Salgueiro/PE, Guarany de Sobral e Pacatuba. Foi também treinador do Ceará e do Ferroviário.

Sem precipitação

Conversei com Jorge Mota, presidente eleito do Fortaleza. Ele, muito sereno, fez colocações oportunas. "Tenho de ter pressa, mas sem ser atropelado pela pressa", afirmou. Outro detalhe: "Quando subi com o Fortaleza para a Série A, não havia o dinheiro que hoje tem". E mais: "Tratar com os jogadores é coisa que eu, modéstia à parte, sei fazer".

Vai e volta

Uma ladainha que eu gostaria ver evitada no próximo ano diz respeito ao Castelão. Basta apertar os critérios na definição das parcerias. De tanto vaivém e de tanto bate e volta, pega muito mal ver o Castelão ora sob controle do Estado, ora sob controle de terceiros. Passa a ideia de coisa improvisada, sem lastro, sem segurança. Não é por aí.

Empate técnico

Avaliação feita no Debate Bola (TV Diário) apontou empate técnico entre Sérgio Soares (ex-Ceará) e Vladimir de Jesus (Icasa) no segundo lugar. O primeiro lugar ficou com Marcelo Chamusca. Mas enquanto Sérgio trabalhou com time forte e salários em dia, Vladimir pegou um time com salários atrasados e ameaças de greve. Comparando, Vladimir saiu-se melhor.

Notas & notas

De certa época para cá, o futebol cearense aumentou muito a lista de técnicos importados. Terá isso melhorado o padrão dos nossos clubes? Cito alguns: Heriberto da Cunha, Zé Teodoro, Vica, Vagner Mancini, Sérgio Soares, Sérgio Guedes, Mário Sérgio, Zetti, Luís Carlos Martins, Márcio Araújo, Ademir Fonseca, Celso Teixeira, Hélio dos Anjos, Roberto Fernandes, Marcelo Chamusca, Armando Desessards, Paulo Bonamigo, Estevam Soares, Luis Carlos Cruz, Ferdinando Teixeira...