Tom Barros

Visíveis e invisíveis

Medito sobre o que acontece com o Fortaleza na Série C nacional. Como disse o médico Chico Lopes, é difícil aceitar e entender que raios tenham caído no mesmo lugar. Mas, ao contrário do que dizem, o entrave não está só no mata-mata. Em 2010, nem chegou ao mata-mata, pois foi eliminado pelo Águia em jogo decisivo, mas na fase classificatória. Em 2013, igualmente nem chegou ao mata-mata, pois foi eliminado pelo Sampaio Corrêa em jogo decisivo no Castelão, também na fase classificatória. O problema, pois, não é o mata-mata, mas qualquer jogo decisivo da Série C. O Fortaleza parece entrar em campo já levando consigo o trauma dos fracassos passados. Aí aparecem sombras do Oeste, Águia e Sampaio. Adversários visíveis e invisíveis. Fantasmas indecifráveis.

Recordando

1967. Fortaleza. A partir da esquerda (em pé): Gurgel, Iá, Messias, Nivardo, Luciano Oliveira, Miro, Neto e Veras. Mesma ordem (agachados): Vanor Cruz, Zé Meu, Zito Aguiar, Alencar, Hélio e o massagista Pinguim. Detalhes: Luciano Oliveira morreu moço demais. Vanor é médico bem-sucedido. Iá foi meu colega da Cruzada na Igreja dos Remédios. Hélio é irmão de Jorge Mota e de Cândido (Acervo Elcias Ferreira).

Desconectar

Há necessidade de desconectar os últimos cinco anos do Fortaleza na Série C. É preciso deletar da memória tricolor os times que só lhe criaram embaraços. Assim, terá um único adversário. Único e visível. Aliás, os adversários invisíveis estão incomodando mais que os visíveis, pois geram complexo do qual o Leão do Pici não consegue se livrar.

Geração

Há que se preparar o Fortaleza para um novo tempo, desvinculando-o de tudo o que o prende aos seguidos anos de insucesso na Série C. Outra a geração, distante da que gerou um monstro, ou seja, o complexo de inferioridade. Fenômeno que engoliu até jogadores escolados e inteligentes como Geraldo (contra o Oeste) e Marcelinho Paraíba (contra o Macaé).

Haja trabalho!

Não sei como implodiu o Ceará que eu vi líder, que eu vi brilhante. PC Gusmão terá de ser muito profissional, também milagreiro, também prestidigitador, para em seis jogos remontar um time que inexplicavelmente desonerou. Com a derrota para o Santa, o desânimo, a descrença, a apatia, a desilusão. PC terá de espantar tudo isso.

Tempo recorde

Terá PC condições de, em apenas seis jogos, ainda dar a volta por cima? Em futebol tudo é possível, embora o Ceará esteja em queda livre. Chega atrasado nas sobras, a "segunda bola" sempre é do adversário. Ganhar rebote, nem pensar. E o desgaste do ano já afeta a condição física de alguns. A desorganização tática também requer atenção. Taí, PC.

Arrancada

O técnico cearense, Oliveira Canindé, levou o Santa Cruz a impressionante arrancada (4 vitórias, 2 empates, 1 derrota). Jogou com três do G-4 e não perdeu. Empatou com o Joinville em Joinville, empatou com a Ponte Preta em São Paulo e ganhou do Vasco em Recife. Fará três jogos em casa (Vila Nova, América/RN e Náutico). E tem um jogo a menos.

Competência

O técnico cearense, Oliveira Canindé, foi campeão brasileiro da Série D pelo Guarany/S. Foi campeão da Copa do Nordeste 2013 pelo Campinense/PB. Coisa recente, quando técnico do América/RN, despachou da Copa do Brasil 2014 o Fluminense em pleno Maracanã, ganhando de forma inacreditável pelo placar de 5 a 2. O Santa acertou ao contratá-lo. Em ascensão e com um jogo a menos, pode chegar ao G-4 nas próximas rodadas. Só os times grandes daqui não enxergam o valor do Oliveira.