Tom Barros

Respeito

Enquanto não for restaurado o respeito às emissoras de rádio, o Castelão para mim será motivo de decepção. E lá só pisarei se obrigado por dever profissional, jamais por espontânea vontade. O Castelão, que aí está, foge da destinação original, idealizada pelo governador Plácido Castelo, tão bem defendida pelo saudoso comentarista Paulino Rocha e pelo deputado Aldenor Nunes Freire. Eles queriam um Castelão para o povo, não para o privilégio de um grupo gestor. Deixar sem cabine as emissoras de rádio é escarrar na face dos que com veemência lutaram pela construção desse estádio na década de 1970. Não consigo entender um obra pública, erguida com dinheiro público, agora nas mãos de terceiros. O Castelão deixou de ser do povo. Há muito tempo.

Rádio

Antes dos estádios, foram as emissoras de rádio que pugnaram por suas construções. Assim no PV, assim no Castelão. Vejam as fotos da época de inauguração do PV. Lá estavam duas cabines de rádio, feitas de madeira, mas altivas porque vozes de cronistas que fizeram campanha pela construção do velho Estádio Presidente Vargas.

Respeito II

Vejam o PV de agora, modernizado, dentro do que a Fifa exigiu. Pois bem, lá estão dezenas de cabines de rádio estrategicamente situadas. Respeito a uma tradição que veio de 1941 até os dias atuais. Na reforma do PV, os engenheiros e arquitetos trocaram ideias com as entidades da crônica e tudo saiu perfeito, como em outros estádios brasileiros.

No PV respeito e atenção

No Estádio Presidente Vargas, o tratamento dado pelos funcionários aos torcedores e cronistas é muito bom. Nada de privilégio senão a natural manifestação de respeito e elegância de quem está preparado para o exercício da função. Já no Castelão dissabores são registrados em todas as áreas. Prova está nas reclamações da torcida do Fortaleza no sábado passado. Elogios, pois, ao tratamento cordial, atencioso que só encontro no PV.

Promessa

Agora, o gigante Castelão sem espaço para cabines de rádio. Durma-se com um barulho desse. Havia cabines de sobra no anterior, antes da reforma. Implodiram-nas. Correto teria sido, no novo projeto, modernizá-las. Optaram por destruí-las. Houve a promessa de que, após a Copa, seriam construídas novas cabines. Promessa, só promessa.

Basta

De promessa estou cheio. Aliás, já basta tanta promessa que vem por aí na campanha política. Quero resposta concreta sobre o tratamento que será dado aos profissionais de comunicação no Castelão. Não estou pedindo favores nem privilégios. Estou pedindo respeito. Não quero o luxo dos camarotes, mas de volta as cabines funcionais.

Contraste

Ferruccio Feitosa é educado, distinto, respeitoso. Sou admirador da sua maneira de bem tratar as pessoas. Sei do seu amor pelo Castelão, pois dele foi o gestor maior. Mas lamento dizer que não estão à sua imagem e semelhança os que agora se arvoram de "donos" da nova praça. Com estes o relacionamento azedou como em boa hora o Diário do Nordeste denunciou.

Intolerância

Certamente o leitor deve estar surpreendido com a postura contundente que assumi nas observações de hoje. Deixei de lado o tom moderado que costumo usar, mesmo quando o assunto é grave e polêmico. Motivo simples: minha paciência esgotou. Minha tolerância chegou ao fim. Não suporto ver meus colegas cronistas tratados como intrusos ou como se estivessem pedindo favor. Todos estão trabalhando. Abro as baterias em defesa da classe. É apenas o começo.