Tom Barros

Reflexões sobre aspectos variados da Copa no Brasil

A bola pediu rápido descanso. A Brazuca deixa de rolar por uns dias. Mas volta logo. Já na terça-feira, no Mineirão, será conhecido o primeiro finalista. Até agora, num balanço parcial, cuidei de examinar aspectos diversos desta competição. Meses antes da festa inaugural do evento promovido pela FIFA, uma tradução contestada da revista France Football gerou polêmica porque qualificara de Copa do Medo a que seria realizada no Brasil. Não entro no mérito porque vi nas colocações, a favor e contra, claros interesses políticos. Deixando de lado a opinião dos franceses, aqui existia o medo. Motivo simples: em 2013, quando da Copa das Confederações, as manifestações de rua tinham provocado graves distúrbios. Havia, pois, o temor de que, na Copa do Mundo, grupos radicais tocassem fogo no país. Ainda bem os ativistas perderam força na medida em que apelaram para a violência. Aí as pessoas de bem recuaram e os movimentos de rua esvaziaram-se. A Copa do Mundo segue sem problemas e acredito que assim seguirá até o fim. Lamentável é o legado negativo das obras inacabadas. Quem passa defronte ao Aeroporto Internacional Pinto Martins dá de cara com a irresponsabilidade de quem começou a ampliação e abandonou-a no meio do caminho. Hoje, estacas e estacas dão testemunho dessa desídia. Há também trechos abandonadas no que toca à mobilidade urbana. Questão é saber se, terminada a competição, as obras não concluídas serão retomadas ou, como de costume, irão para o ralo. Voltando ao futebol na sua essência, a Copa, já nas semifinais, até agora não mostrou uma seleção revolucionária. Houve Copas marcadas por seleções que, mesmo não sendo campeãs, encantaram o mundo pela inovação na forma de jogar. Assim a Hungria de 1954, de Puskas; assim a Holanda de 1974, de Cruyjff. Lamentei ter sido esta Copa o marco final de uma das mais brilhantes seleções que contemplei na minha vida: a da Espanha com seu inigualável tic-tac. Confesso: fiquei triste com o fim do modelo que teve como maestro o extraordinário Iniesta. Ainda será possível ressuscitar a Espanha nas futuras competições internacionais? Acho difícil. Creio que foi aqui no Brasil o último suspiro da Fúria. No mais, coisas que jamais imaginei. Uma delas: a modesta Rua Padre Francisco Pinto, na Gentilândia, onde moro, ter sido passarela para as seleções da Holanda e do Brasil. Uma festa. E o PV, que vi pequenino, quase nada, transformado em local de treinamento de monstros sagrados do futebol mundial. A Copa do Mundo, a despeito dos contrastes e das contradições, deixará lembranças. Uma foto, um registro, uma lágrima. Outra no Brasil? Talvez no próximo século. E olhe lá...

Questão é saber se, terminada a competição, as obras não concluídas serão retomadas ou, como de costume, irão para o ralo