Tom Barros

Abençoado e sincero choro dos jogadores brasileiros

De repente, observo uma guerra contra as lágrimas. Um exército de gente fria a criticar quem chora, a condenar quem chora e a querer barrar quem chora. Engolir o choro é a ordem dos carrascos. Uma espécie de decreto: é proibido chorar. Só faltava essa na atual Copa do Mundo. Como posso silenciar diante de tamanho absurdo, logo eu, um chorão contumaz? Embora sem procuração, assumo o papel de defensor intransigente das lágrimas nacionais; lágrimas nos olhos, nas faces, nos lenços, nas almas, nos corações. Ora lágrimas furtivas, ora copiosas lágrimas; ora controladas, ora descontroladas, independente do momento e do lugar. Lágrimas naturais, legítimas tradutoras de sentimentos nobres, verdadeiros. Lágrimas dentro ou fora de campo, antes, durante ou depois das partidas. Concordo com o abençoado e sincero choro dos jogadores brasileiros. No chorar deles eu não consigo ver medo, vejo brio; não consigo ver covardia, vejo compromisso; não vejo mentira, vejo verdade. Reação de quem experimenta as variantes de uma Copa plena de emoções. Os jogadores são gente normal. Gente que tem coração igual ao seu, caro leitor. Coração sujeito a oscilações de acordo com as circunstâncias do jogo e da vida. Se Julio Cesar tiver vontade de chorar, chore; se David Luiz tiver vontade de chorar, chore; Se Neymar tiver vontade de chorar, chore. Se Thiago Silva, Hulk, Daniel Alves e os demais do grupo quiserem chorar, chorem. Não segurem as lágrimas para dar satisfação aos censores, que querem regular quando e onde o jogador pode chorar. Também criaram a ideia de que o capitão do time não pode chorar porque tem de ser duro como concreto, blindado, para dizer que é forte, é líder e nada teme. Que equívoco! Capitão que não se emociona nem chora não é capitão: é robô. Não é a lágrima que destrói a liderança de alguém, antes a fortalece, a engrandece, na medida que traduz amor, obstinação. Quando Winston Churchill assumiu o governo da Inglaterra em 1940, ante a ameaça da invasão nazista, resumiu seu propósito numa histórica frase: "Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, suor e lágrimas". E assim alcançou a vitória na II Guerra Mundial. Vejam bem: vitória alcançada com sangue, sofrimento, suor e lágrimas. Pronto. E Churchill, com lágrimas, jamais perdeu o comando; com lágrimas, jamais perdeu a altivez; com lágrimas, ganhou o respeito perpétuo da comunidade internacional. Não sei quantas vezes escrevi nesta página a palavra lágrima. Foram dezenas. Se eu pudesse, as colocava num envelope lacrado e enviava aos jogadores da Seleção Brasileira, pois cada gota será combustível de dignidade a levar o Brasil a mais uma vitória.

No chorar deles, eu não consigo ver medo, vejo brio; não consigo ver covardia, vejo compromisso; não vejo mentira, vejo verdade