Tom Barros

Efeitos dos hinos nacionais no ânimo dos jogadores na Copa

O choro. Lágrimas nos olhos. Expressão facial de muito sentimento. Há atletas que demonstram maior sensibilidade que outros na hora da execução do hino nacional de seu país. Até agora, quem mais demonstrou emoção foi o volante marfinense Serey Die. Ele não se conteve e foi aos prantos antes do jogo com a Colômbia. Durante toda a execução do Hino da Costa do Marfim, Serey, perfilado, chorou copiosamente. Achei bonito. Exteriorização sincera de amor à pátria, num ato simples, comovente, verdadeiro. No jogo, sua aplicação, garra e vontade de vencer legitimaram a postura assumida. A Costa do Marfim é um pequeno país africano, maior produtor e exportador mundial de cacau. Tem área territorial maior que duas vezes a do Estado do Ceará. Lembrei que Neymar também chorou quando ouviu o Hino Nacional Brasileiro no Castelão antes do jogo com o México. Não chorou copiosamente como Serey, mas não conteve as lágrimas. Gostei da reação do Neymar. Ele tem sido muito digno nesta Copa. Luta, quer, tem chamado a si a responsabilidade. Não se esconde. Há procurado, na medida do possível e das circunstâncias, fazer a sua parte. Na Copa dos Estados Unidos (1994), fui a um show de Julio Iglesias no Teatro Arena de Dallas. Sabendo que no teatro havia muitos brasileiros, Iglesias resolveu cantar Aquarela do Brasil. Não me contive. De repente, estava eu com lágrimas nos olhos, morto de saudade deste "Brasil, meu Brasil brasileiro; meu mulato inzoneiro"... O Brasil do meu amor, Terra de Nosso Senhor", como no dizer de Ary Barroso. Na Copa da França, 1998, momentos antes da decisão, houve apreensão pela presença ou não de Ronaldo. Logo depois, vejo a Canarinho perfilada, já com ele. Mas, pelo problema, total desconcentração até mesmo durante toda a execução do Hino Nacional Brasileiro. Ao lado, a Seleção Francesa, com Zidane, cantava a Marselhesa. A multidão o seguia num coro de arrepiar. Empolgou, emocionou, energizou os franceses. No final da partida, 3 a 0 para a França, campeã do mundo. E o Brasil desnorteado, goleado, atônito, talvez nem tenha ouvido direito a letra de Joaquim Osório Duque Estrada na música de Francisco Manoel da Silva. Nas Copas, já houve gafes de hinos trocados e hinos não tocados. Em 1986, no México, no lugar do Hino Nacional Brasileiro, executaram o Hino à Bandeira. Na atual Copa, no Beira-Rio, não executaram os Hinos da França e de Honduras. Claro que nenhum hino ganha jogo, mas pode, sim, exercer influência positiva no ânimo dos atletas. Prova está no exemplo dado pelo volante Serey Die, da Costa do Marfim: bela revelação de patriotismo numa dimensão jamais vista em uma Copa do Mundo.

Serey Die, perfilado, chorou copiosamente. Achei bonito. Exteriorização sincera de amor à pátria, num ato simples, comovente