Tom Barros

Pequenos detalhes de uma gigantesca Copa do Mundo

Desviando um pouco o foco do futebol, encontrei coisas interessantes, positivas e negativas, que envolvem uma competição de tamanha magnitude. Eu era adolescente na década de 1960. Na época, visitando amigos, vi em funcionamento a "Amplificadora São Manoel, a Voz Católica da Vida Manoel Sátiro". Sem a tecnologia de hoje, esse sistema de som alcançava todo o bairro e os circunvizinhos. E assim, ouvindo o som, muito claro, alto e definido, os fieis atendiam ao chamamento e compareciam às celebrações na igreja. No jogo França x Honduras, no moderno Estádio Beira-Rio em Porto Alegre, com todo o padrão FIFA e equipamentos de última geração, o sistema de som não funcionou. Franceses e hondurenhos não ouviram os respectivos hinos nacionais. Que lambança, gente! Aí lembrei da "Amplificadora São Manoel": não tinha padrão FIFA, mas funcionava muito bem. Outro detalhe que me chama a atenção: as macas que estão sendo usadas para a retirada dos jogadores quando se machucam durante as partidas. Não estou querendo ridicularizar, mas prestem atenção: ao vê-las lembro imediatamente das que são usadas aqui em Fortaleza pelo rabecão do Instituto Médico Legal (IML). Quando Sturridge marcou o gol da Inglaterra sobre a Itália, em Manaus, na Arena Amazônia, o fisioterapeuta inglês, Gary Lewin, correu para comemorar. Levou azar, pois se contundiu. Primeiro foi atendido no gramado. Depois foi levado na maca, que mais parecia um esquife. As fotos estão na internet para quem quiser conferir. A maca é parecida demais com caixão de defunto. Horrível. Mas, para não dizer que estou apenas fazendo anotações negativas, eis o esplendor da tecnologia chegando ao futebol: o Goal Control Tecnology. São sete câmeras de alta resolução direcionadas para cada trave. É feito o monitoramento em três dimensões. Quando a bola ultrapassa totalmente a linha do gol, em menos de um segundo é transmitido um aviso ao relógio usado pelo árbitro. E ele toma a decisão certa. Compensando o vexame do serviço de som que não funcionou no Beira-Rio, coube a esse mesmo estádio a primazia de ter usado tal tecnologia numa Copa do Mundo. Fato histórico. Foi assim que houve a confirmação do segundo gol da França diante de Honduras. Gol contra que o árbitro atribuiu ao goleiro hondurenho, Valladares. Agora, uma furada: a FIFA queria que o gramado do PV, por uma fortuna, fosse totalmente substituído. Sabiamente a prefeitura de Fortaleza só o recuperou. E até agora nenhum treino de seleção foi realizado ali. Pelo visto, deve ser bom atirar com pólvora alheia. Esses são apenas pequenos detalhes de uma gigantesca Copa do Mundo.

Lembrei da "Amplificadora São Manuel, a Voz Católica da Vila Manoel Sátiro". Não tinha o padrão FIFA, mas funcionava muito bem