Tom Barros

Confiança abalada, mas ainda não totalmente pedida

O atacante Neymar chorou. Deu espaço à emoção após ouvir o Hino Nacional Brasileiro cantado a plenos pulmões, mesmo após encerrada a parte transmitida pelo serviço de som do Castelão. Muita gente chorou também. Foi aqui no ano passado que essa lição, agora repetida, aconteceu pela primeira vez. Iniciativa da gente cearense, que dizem ser moleque, mas que não desceu à baixaria de mandar ninguém tomar no c... Gente educada é outra coisa. Quando a bola rolou, uma batalha muito além da que era esperada. A resistência mexicana ultrapassou as expectativas. Dificuldades explícitas como previu Felipão. Desta vez Oscar sumiu. Ramires E Paulinho o acompanharam. Como fazer a bola chegar boa para Fred, se também raro era o apoio de Daniel Alves e Marcelo. O México usou marcação forte e apostou nas conclusões de longa distância. Herrera e Vázquez insistiram nesse tipo de finalização e pregaram sustos. Mas faltou ao México melhor intervenção dos atacantes Giovane dos Santos e Peralta. A zaga brasileira com Thiago Silva e David Luiz jogou muito bem e neutralizou tudo. O lance mais sensacional foi protagonizado por Neymar e pelo o goleiro Ochoa: uma cabeçada certeira que Ochoa foi buscar no canto baixo direito. Incrível. O braço do goleiro mexicano estendeu-se tanto que pareceu ter saído do corpo, numa extensão só vista nos desenhos animados de Walt Disney. Deu a impressão de que esticou muito além do que permite a natureza humana. Um milagre. Lance que lembrou a famosa defesa de Gordon Banks, da Inglaterra, na Copa do México em 1970, quando pegou mortal cabeçada de Pelé. Por pura coincidência, no México. Outro momento marcante, já no final da partida, foi a cabeçada à queima-roupa desferida por Thiago Silva. Mais uma vez Ochoa defendeu. E ali esmaeceu a última esperança de vitória da Canarinho. Restou a frustração porque o Brasil ficou no empate e não com a antecipada classificação. Mas a preocupação maior é porque a produção do time não deslanchou nem mesmo quando entraram Bernard, Jô e Willian. Logo nos primeiros lances, Bernard ainda criou expectativa de melhora, mas depois também esbarrou na marcação. Passou. Agora, Camarões. O Brasil ainda tem boa margem para passar de fase. Problema é o nível aquém do que foi apresentado pelas seleções da Alemanha, Holanda e Itália. A Seleção Brasileira terá de ser mais criativa e guardar menos as posições para dificultar a marcação adversária. Sem isso, vai complicar. A confiança ficou abalada, não perdida. Por enquanto, Neymar chorou de emoção ao ouvir o Hino Nacional. Seu grupo terá de melhorar muito se não quiser chorar em casa a perda do título mundial.

O braço do goleiro mexicano estendeu-se tanto que pareceu ter saído do corpo, numa extensão só vista nos desenhos de Walt Disney