Tom Barros

Os naturais encantos e desencantos de uma Copa

A expectativa em torno de uma Copa do Mundo produz variadas fantasias na mente dos torcedores, principalmente os mais apaixonados. Ver os craques bem de perto, poder tocá-los, é o sonho da maioria dos fãs. Poucos, porém, terão essa oportunidade. Para alguns, os encantos resistirão aos contratempos; para outros, restarão frustrações. O tempo é o melhor remédio. Hoje todos querem bater fotos com Neymar, ídolo maior da Canarinho. Multidões ávidas por mostrar isso no Instagram. Bobagem. Passa rápido. Zico, Romário, Sócrates, Falcão também eram procurados assim. Há alguns meses Zico aqui esteve. Foi ao jogo dos famosos em Juazeiro.

Sem a histeria do público dos anos 80, pôde calmamente bater fotos com todos os fãs. Outro fato semelhante aconteceu no ano passado. O Ceará contratou dois pentacampeões mundiais, Edmilson e Belletti. Em 2002, quando ambos aqui estiveram logo após a conquista do penta na Copa do Japão, poucos torcedores conseguiram bater fotos com eles. Já em 2013, quando vieram para o Ceará, passavam normalmente entre os torcedores que pouco ligavam para algum registro fotográfico. É a vida.

O momento da fama tem seus encantos, mas, não raro, traz também desencantos posteriores. Há atletas que sucumbem quando perdem a tietagem do público e descobrem que fugazes são os deleites decorrentes da glória. Aqui na terrinha já está a Seleção Brasileira. Alguns integrantes são mais procurados e alvo das atenções. Cito conforme minha ótica: Felipão, com seu humor variado; Neymar, agora mais afável do que em 2010, quando veio com o Santos e, após uma confusão, tentou agredir o volante João Marcos, do Ceará. Naquela época, muito mimado, Neymar ainda engatinhava no tapete vermelho.

Hoje está acostumado com os tapetes que lhe são estendidos mundo a fora. Amadureceu. Melhorou. Foram importantes os conselhos do pai. E dos treinadores também; Oscar, o melhor da estreia; Fred, o da falta inventada. Prefiro contemplar o Fred pelos incontáveis gols legítimos assinalados do que pelo pecado venial da simulação, embora tenha levado o árbitro japonês, Nishimura, ao pecado mortal do pênalti inexistente; Daniel Alves, a simplicidade em pessoa. Astro que em nenhum momento da vida, mesmo na apoteose do Barcelona, jamais se deixou encrespar pelas vaidades das conquistas. Segue humilde. Que bom! Agora, uma sugestão: não entre em desencanto se não conseguir uma foto; não entre em desencanto se o Brasil tropeçar. Tudo passa. Daqui a poucos anos, Neymar passeará normalmente pelas ruas das cidades, assim como Zico, Edmilson e Belletti, não faz muito, passearam por aqui.

Prefiro contemplar o Fred pelos incontáveis gols legítimos assinalados do que pelo pecado venial da simulação