A Copa do Mundo no berço de craques geniais
O Brasil do futebol. O futebol do Brasil. Coisas parecidas, mas diferentes. Hoje, porém, juntas num só corpo. Começa a segunda Copa do Mundo em nosso país. O Brasil do futebol é o berço de craques geniais que o fizeram pentacampeão. É a nossa terra com suas belezas e mazelas, riquezas e penúrias, verdades e mentiras, mansões e favelas, obras acabadas e obras inacabadas, brancos e negros e pardos; uma nação que ama o futebol, vibra com o futebol, chora com o futebol. País que se abre aos estrangeiros vindos de todos os continentes. É esse o Brasil do futebol. E o futebol do Brasil, como anda? Resposta simples: não tão encantador quanto na era Pelé/Garrincha, nem tão medíocre quanto pintam e afirmam alguns cronistas azedos de alma e coração. Quanto a estrear em São Paulo, diante de torcida tão impaciente, a preocupação é com as vaias que, não raro, madrugam por ali. Na Copa de 1950, logo no segundo jogo, a Seleção Brasileira enfrentou a Suíça no Pacaembu em São Paulo. Para espanto geral, a Suíça segurou empate (2 x 2). Os torcedores paulistas ficaram muito irritados. Pelo visto, o ranço vem de longe. Gostaríamos de ver comportamento mais tolerante hoje. O time de Felipão não é superior nem inferior às grandes seleções. Está no nível de Alemanha, Espanha, Itália, Inglaterra, Uruguai e França, mas com a vantagem de jogar em casa. Felipão simplificou: inicia com a formação que ganhou a Copa das Confederações. E só mudará de acordo com as circunstâncias do jogo. Está certo. O Brasil do futebol, não obstante os protestos políticos e ameaças de paralisações, viu crescer nos últimos dias o envolvimento do povo no clima da competição. E foi ornamentando ruas e praças. E foi ampliando o número de bandeirinhas nos veículos de toda natureza. E foi vestindo amarelo e verde num natural processo de interação e doação. O sentimento nacional pelo futebol, por tantas alegrias e títulos conquistados, tenta superar resistências e bloqueios decorrentes das insatisfações populares. Há os que são contra a Seleção Brasileira. É difícil acreditar, mas é verdade. São os que vinculam uma possível vitória da Canarinho como sendo também vitória do governo. Temem a exploração política da conquista esportiva, justo a poucos meses da eleição presidencial. Assim é o Brasil do futebol. Já o futebol do Brasil é o único com cinco títulos mundiais. O único a disputar sete finais de Copa do Mundo. O que tem Ronaldo Fenômeno, recordista de gols em Copas do Mundo. O que teve Leônidas da Silva e Garrincha e tem Pelé. O único detentor da Taça Jules Rimet. O único presente em todas as Copas. Hoje, no Itaquerão, quando enfrentar a Croácia, saberemos do que será capaz...
Futebol não tão encantador quanto na era Pelé/Garrincha, nem tão medíocre quanto pintam e afirmam alguns cronistas azedos