Croácia: surpresa em 1998; incógnita em 2014
O cartão de apresentação da Croácia ao mundo futebolístico aconteceu na Copa de 1998 na França. Desmembrada da Iugoslávia, a seleção croata, apesar da classificação obtida, sequer fora antes notada pelos analistas mais atentos. Mas, quando a bola rolou, um atacante alto, magro, meio desengonçado, Davor Šuker, começou a chamar a atenção de todos. E, com ele, os demais da equipe como Boban, Maric, Jarni, Vlaovic. A Croácia ficou em terceiro lugar, eliminada na semifinal pela França, dona da casa. Pronto: o futebol croata passou então a ser visto com mais atenção e respeito. Oito anos depois, quando da estreia na Copa de 2006, na Alemanha, o Brasil conheceu de perto o forte modelo de jogar dos croatas. Não mais a brilhante geração de Suker, mas a de Babic, Niko Kranjcar, Klasnic, Olic, Prso. Deu trabalho. Time de pegada forte. Kaká salvou a estreia brasileira na vitória apertada (1 x 0). De 1998 até hoje, nunca mais a Croácia teve o mesmo intenso brilho. Só aos trancos e barrancos chegou à Copa no Brasil, após eliminar na repescagem a fraca seleção da Islândia. Destaques do presente são Modric, do Real Madrid, e Mario Mandzukic, do Bayern de Munique. Mas a sua atual formação está longe da qualidade mostrada pela "Geração de Ouro" na Copa da França. Sem menosprezar o adversário, é evidente o favoritismo do Brasil, superior na estrutura e na qualidade técnica, na proposta de jogo e na experiência em Copas. Além disso, a Canarinho está em casa, com tudo a favor, apesar do comportamento exigente e impaciente dos torcedores paulistas. No time de Felipão, é salutar a disputa interna entre Oscar e Willian. Felizes os que gozam do privilégio de ter dois jogadores desse naipe. Ruim é quando há escassez. Na Copa 2010 o técnico Dunga viu quebrado o melhor modelo no instante em que Elano se contundiu e Kaká, mesmo jogando, não escondia seus sacrifícios para continuar. A propósito, Dunga teria errado ao deixar Neymar fora da Copa da África em 2010? É difícil responder. Há que se examinar a situação da época. Mas agora aí está Neymar na juventude de seus 22 anos de idade, bagagem internacional, já alcançando o patamar das celebridades como Messi, Cristiano Ronaldo, Robben, Sneijder e Klose. Hora do desafio. Na Croácia dois brasileiros: Eduardo e Sammir. Coisas da vida. Não creio tenha o visitante força para vencer, mas pode complicar. Boa parte de seus jogadores atua na Inglaterra e na Alemanha. Na estreia não terá o perigoso Mandžukic, mas Luka Modric estará presente. Será uma nova surpresa como foi em 1998? Em futebol tudo é possível, mas a Croácia de hoje está muito aquém do time do alto, magro e desengonçado Suker.
Quando a bola rolou, um atacante alto, magro, desengonçado, Davor Suker, começou a chamar a atenção de todos