Tom Barros

Imitação da vida

Um dos filmes mais comoventes que vi foi Imitação da Vida (Imitation of Life), de 1959. Já ali me levou à reflexão sobre o racismo que na época era muito forte nos Estados Unidos. A atriz negra Juanita Moore dá um baile e recebe indicação para Oscar. Juanita morreu em janeiro passado, aos 99 anos de idade. O tempo passou. Imaginei que a consciência dos povos tivesse sepultado o podre sentimento da discriminação. Que nada! Bananas nos estádios. Insultos. Ofensas contra os negros. Tinga, no Brasil; Daniel Alves, na Europa. Triste. Quando teremos um mundo melhor? Nunca, enquanto a avaliação do homem for feita pela cor da pele e pelo patrimônio.

Indagação

Quantos treinadores negros estão no comandando dos grandes times brasileiros? Que eu saiba, nenhum. Há exceções. Mas essas exceções são mínimas. Lula Pereira dirigiu o Flamengo. Verdade. Mas a tolerância para com ele foi mínima. E é porque o Lula tem altivez e sabe se impor por onde anda. Ainda assim não escapou de "indiretas".

Os reis

Pelé, 17 anos em 1958, diante dos brancos suecos. Rei Gustavo, da Suécia, presente na final da Copa do Mundo. Brasil campeão. O rei Gustavo desceu da tribuna. No gramado cumprimentou os vencedores. Ali, o menino Pelé. O mundo em reverência não à majestade sueca, mas ao genial jovem negro, que se fez rei pelo talento e pela arte: Pelé.

Resposta

Olimpíada de 1936 na Alemanha. O ariano racista e arrogante, Adolf Hitler, viu o negro Cornelius Johnson ganhar o ouro no salto em altura. Na mesma Olimpíada, o negro Jesse Owen ganhou quatro medalhas de ouro (100 e 200 m rasos, salto em distância e revezamento 4x100 m). Duro golpe nos racistas. // Na Olimpíada de 1968, no México, os negros norte-americanos Tommie Smith e John Carlos (ouro e bronze nos 200m), quando no pódio, usaram luvas negras e ergueram o punho em protesto contra o racismo. A luta continua, amigos!

Preconceito

O técnico Argeu dos Santos é competente. Em maio de 2013 recebeu o Troféu Verdes Mares, escolhido pela crônica como o melhor da temporada. Ele afirma que, por ser negro, a despeito do êxito em campo, sempre sofreu preconceito, ora de forma velada, ora de forma ostensiva. Disse que os grandes times têm certa reserva com relação aos técnicos negros.

20 anos

Ayrton Senna vive nos corações, pistas, pódios, boxes e autódromos do mundo. Lidera e vence, de forma impetuosa e segura, à sua maneira de dirigir. São 20 anos sem Ayrton. São 20 anos com Senna. Ele está em cada largada, em cada curva, em cada chegada. Está na bandeira quadriculada, no champanhe, nos troféus. Ayrton Senna. Presença viva em tudo.

"Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna, do Brasil! De ponta a ponta ele vence em Interlagos. Uma grande vitória de Senna. De ponta a ponta".

Galvão Bueno
Narrando pela Rede Globo os momentos finais do GP do Brasil de 1991, no qual Senna deu um verdadeiro espetáculo de pilotagem

Imagens das Copas.

Gloriosa chegada da Seleção Brasileira a São Paulo, após a conquista da Copa de 1958. No caminhão do Corpo de Bombeiros, a partir da esquerda: De Sordi, Djalma Santos, uma jovem e o famoso goleiro Gilmar. Detalhes: De Sordi, Djalma Santos e Gilmar morreram no ano passado.