Tom Barros

Cinquenta e sete decisões

Fim de linha. Hoje sairá o campeão cearense 2014. Desde 1957 venho acompanhando todas as decisões. Lamento não ter a memória do saudoso plantonista da Verdinha, Paulinho Rodrigues, para lembrar todos os detalhes em mais de meio século de emoções. Em 1957 eu tinha 10 anos de idade. O Ceará enfrentou o Usina na grande final. E ganhou o título. Em 1958, a decisão foi com o Fortaleza. O Ceará sagrou-se bicampeão. Em 1959, o Fortaleza deu o troco e foi campeão com um time que tinha na lateral-direita o meu vizinho Zé Mário. Foi uma festa na casa dele. Em 1960, Fortaleza bicampeão. E de lá até hoje uma disputa imprevisível, independente de quem esteja melhor.

Melhor época

Posso até cometer alguma injustiça involuntária neste processo de avaliação. Mas o período que considero o mais empolgante nas disputas entre tricolores e alvinegros foi na década de 1960, quando o Ceará tinha Gildo e o Fortaleza tinha Croinha; quando o Fortaleza tinha Zé Paulo e o Ceará tinha Alexandre Nepomuceno. Época mais românica, de mais amor à camisa, apesar de a competição já ser profissional. Os laços dos atletas com os clubes eram mais duradouros. Hoje a rotatividade elevada não mais permite a fusão de imagens de outrora.

Imagens das copas. 19 de julho de 1994. A Seleção Brasileira, após conquistar o tetra mundial na Copa dos Estados Unidos, chega ao Rio de Janeiro. Antes do desembarque, Romário, da janela do comandante da aeronave, acena para a multidão. O Baixinho fora eleito pela Fifa o melhor jogador da competição.

Favorito

No clássico de hoje, o Ceará é o favorito. Alem de ter um elenco com mais opções de banco, terá a vantagem de ser campeão com um simples empate. Mas ser favorito não significa título antecipado. Nada disso. Bastará um gol inicial do Fortaleza para mudar a situação. Portanto, equilíbrio à vista, quando em campo dois gigantes.

Reviravolta

A propósito de favorito, a maior reviravolta que vi nestes meus 57 anos acompanhado as decisões cearenses foi em 1974. Para ser campeão, o Fortaleza precisava ganhar do Ceará três jogos seguidos. Título certo para o Ceará. Para espanto geral, o Fortaleza, do atacante Geraldino Saravá, ganhou os três jogos e sagrou-se bicampeão.

Árdua missão

Sandro, de forma discreta, Ganhou com mérito a posição de zagueiro titular do Ceará. Sua participação tem sido perfeita. Missão de hoje: evitar que o artilheiro Robert, do Fortaleza, faça o que mais sabe fazer e tem feito no atual certame: gols. Detalhe: mesmo sendo zagueiro, Sandro também marcou alguns gols importantes do Ceará.

Ausência

Tiago Cametá será sem dúvida a ausência mais sentida no clássico. O lateral-direito do Fortaleza foi o melhor da posição no atual campeonato. Entra fácil na seleção dos melhores. O apoio que ele faz é fundamental numa proposta ofensiva como o tricolor precisa hoje. Missão que vai para Amaral, jogador igualmente qualificado.

"O Fortaleza precisa de gols e da vitória. Nosso objetivo é trabalhar nesse sentido: buscar o resultado que nos dará o título".

Marcelinho Paraíba
Meia do Fortaleza (entrevista a emissoras de rádio)