Religiosidade e superstições no futebol mundial

A Copa do Mundo de 1958 marcou a virada da Seleção Brasileira, após o fracasso na Copa de 1950, quando o Uruguai ganhou, sendo campeão nas nossas barbas, no episódio que entrou para a história como Maracanazo. O uniforme da Seleção Brasileiro era todo branco. E foi com esse uniforme que o Brasil perdeu a Copa para o Uruguai. Alguém entendeu que para apagar a desgraça daquela tragédia, certo seria mudar a cor da camisa. Em 1952 o Brasil passou a adotar a camisa amarela. Na Copa de 1958, tudo ida bem. O Brasil ganhou a vaga na final. Como a Suécia também tinha a camisa amarela, foi feito um sorteio para saber quem jogaria com o uniforme principal. A Suécia ganhou o sorteio. O Brasil teve de usar camisa azul na grande decisão. Alguns jogadores e dirigentes supersticiosos já ficaram cismados. Lembraram das superstições da tragédia de 1950. Aí, Paulo Machado de Carvalho, presidente da delegação, fez um pronunciamento importante. Lembrou que azul era o manto de Nossa Senhora. E mais: que a mudança viera para trazer sorte. Assim ele reverteu a situação negativa. Resultado: o Brasil com méritos ganhou a Copa.

Concurso

A mudança da cor da camisa da Seleção Brasileira aconteceu mediante concurso realizado pelo jornal Correio da Manhã. Foi vencedor o gaúcho Aldyr Garcia Schlle que sugeriu a "camisa amarelo-ouro com frisos verdes nas golas e punhos, calção azul-cobalto com uma listra branca ao lado e meias brancas com listras verdes e amarelas".

Estreia

O novo uniforme, com camisas amarelas, estreou na Olimpíada de 1952 em Helsinque, na Finlândia. Também foi usado na Copa do Mundo de 1954. Com camisa amarela o Brasil atuou nos cinco primeiros jogos da Copa de 1958. Só na final o Brasil usou o uniforme azul. Mas foi com a camisa amarela que o Brasil ganhou a Copa de 1994.

Belo ato de fé

Na Copa do Mundo de 1970, no México, Petras era atacante da Tchecoslováquia, país integrante da mesma política da União Soviética, que adotava o regime comunista ateu. Desafiando o regime político que proibia a prática religiosa em seu país, ele comemorou com o sinal da cruz o gol que marcou contra o Brasil. Corajosa demonstração de fé.

Num dia de hoje, Sexta-Feira da Paixão, a atitude de Petras tem de ser lembrada e ressaltada. Os cristãos eram perseguidos nos regimes comunistas. Igrejas fechadas. Petras assumiu perante o mundo a sua fé católica, pois a televisão estava transmitindo ao vivo para toda a Europa. Um belo ato de fé.

Assumir a fé cristã em tempos de proibição, como o vivido pela Tchecoslováquia em 1970, foi um ato de extrema coragem do jogador. Hoje não há mais a Tchecoslováquia. O país, após o fim do regime comunista, foi divido em República Tcheca e República Eslováquia. E a religião católica voltou fortalecida.