Quando o Fortaleza perdeu Ceni, houve inquietação terrível entre os tricolores. Estava indo embora o revolucionário que fez do Fortaleza um vencedor contumaz. Jamais um treinador fez pelo Fortaleza o que Ceni fez. Assim, ficou o vazio. Onde conseguir um igual a Ceni? Seus órfãos não viam quem pudesse dar sequência ao que ele deixara. Veio Chamusca, não deu. Veio Enderson, não deu. Aí surge o argentino Vojvoda. Marcelo Paz o anunciou, após longo período de pesquisa sobre o nome ideal, pois Ceni não “desencarnara” das mentes e corações tricolores. Onde Marcelo arranjou esse treinador? Quem o indicou? Quem avalizou sua vinda? Bom, em meio à incerteza, Vojvoda chegou. E foi goleando todo mundo. E ganhou o título estadual. E teve início fulminante já na segunda rodada da Série A, quando aplicou uma goleada (5 x 1) no Internacional. Usou e usa um método simplificado: a busca incessante pela vitória. É o futebol intensivo. Hoje, Vojvoda desperta a curiosidade nacional. Quem é este milagreiro? Não há milagre: há trabalho e competência. Assim ele tem conseguido extrair do elenco um futebol de elevada qualidade. Vojvoda é sereno, comedido, competente. Caiu nas graças de todos.
Hoje, pelo êxito de Vojvoda, a torcida tricolor já terá esquecido Rogério Ceni? Estará acontecendo aquela máxima de “rei morto, rei posto”? Penso que não. Cada um ocupa seu espaço. Ceni dificilmente será batido por outro treinador. A história do Fortaleza estará sempre dividida entre antes e depois de Rogério Ceni.
Muitos torcedores receberam com reserva o anúncio de Vojvoda como novo treinador do Fortaleza. Afinal, um desconhecido. Uma enorme expectativa foi gerada em torno de seu trabalho. Mas, na medida em que o sucesso foi chegando, o desconhecido passou a ser conhecido. Juan Pablo Vojvoda não superou Ceni, mas já conquistou seu próprio espaço.
A propósito dessa história de técnico desconhecido, houve um episódio interessante quando o saudoso Lula Pereira foi contratado pelo Figueirense. Na apresentação, um repórter disse que Lula era um desconhecido. Lula rebateu. Disse que também, para ele, o repórter era um desconhecido. No final do certame, Lula campeão. O repórter pediu desculpa e teve de colocar a viola no saco.
É difícil dizer quem é o melhor treinador em atividade no Brasil. No tempo do português Jorge Jesus, ele foi incensado. Pronto. Só ele e os portugueses todos entendiam. Agora Vojvoda está sendo alvo de fartos elogios. É o homem. Aí Renato Gaúcho ressuscitou o Flamengo. Passa a ser o melhor. Tomou uma goleada do Inter. Seguraram a peteca. É tudo subjetivo.