Os avanços da comunicação e os efeitos no futebol

Agora, a moda pegou: live aqui, live ali, live acolá. Todo mundo no embalo que tem dado ótimo resultado nestes tempos de isolamento social. A comunicação por celular ganhou a qualidade bem próxima à das redes de televisão. Quando comecei a narrar futebol nada disso existia. O locutor viajava para uma cidade sem saber se sua transmissão seria bem-sucedida. Narrava no voo cego. E só saberia se tudo correra bem quando no hotel chegasse um cabograma, dando conta do êxito ou não. As transmissões eram feitas pelas ondas curtas das emissoras de rádio. Em Recife, eu narrava pelas ondas curtas da Rádio Jornal do Commercio. Quando os companheiros de lá vinham narrar aqui, transmitiam pelas ondas curtas da Rádio Dragão do Mar. Assim, a Ceará Rádio Clube daqui com a Rádio Clube de Pernambuco porque ambas eram integrantes dos "Diários Associados". Cada emissora tinha suas parcerias. Até antes da chegada da Embratel, os narradores sofriam muito. Ganharia a audiência quem tivesse a felicidade de, no dia do jogo, transmitir pelas ondas de melhor propagação, situação que variava muito. Se na época houvesse live, mão na roda...

Divulgação

Os avanços dos meios de comunicação deram dimensão global ao futebol. E mais que isso: elevaram-no a uma espécie de show business de proporções gigantescas, superior a tudo o que se poderia imaginar em termos de retorno. O futebol foi colocado na sala, quarto, poltronas e camas dos desportistas. Impressionante.

Limitações

Na década de 1960, quando comecei a minha vida profissional na Rádio Uirapuru, o futebol era restrito ao estádio. Não havia transmissão pela televisão. Quem não fosse ao jogo, quando muito teria a chance de ver alguns momentos em filmes de pouca qualidade nos noticiários da televisão, no dia seguinte.

Exposição

No início da década de 1960, no Abrigo Central, na Praça do Ferreira, havia fila para ver a exposição de fotografias da partida do dia anterior. A exposição era feita pelo repórter fotográfico Polion Lemos que, anos depois, passaria a ser referência na televisão cearense, tendo dirigido os departamentos de cinema da Rede Tupi e do Canal 10.

Hoje é fácil fazer coberturas nacionais e internacionais. A equipe já viaja com tudo definido. Quando chega ao estádio já está tudo testado. No Centro de Imprensa o estúdio funciona em tempo integral, ligação direta. O celular é câmera. Basta um aplicativo. Pronto.

O futebol agigantou-se como espetáculo com os avanços da comunicação. Em 1958, primeira Copa do Mundo, conquistada pelo Brasil, só houve transmissão pelo rádio, com o som variando muito. Hoje, a Copa vem colorida para dentro da sua casa. E os promotores faturam bilhões de dólares.



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