Olhar mais para gente de casa

Leia a coluna deste sábado

Legenda: Leia a coluna deste sábado.
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O fracasso da Seleção Brasileira no Catar conduz a um necessário repensar sobre o modelo de composição da Canarinho. São 20 anos sem título de um país que respira futebol, berço do maior número de craques e detentor do maior número de conquistas: cinco. O que aconteceu? Ou melhor: o que está acontecendo? Qual o motivo desta sequência de insucessos? Muitos levantam a questão sobre uma possível incompetência dos treinadores nacionais, que estariam ultrapassados. Não penso assim. Seria então a qualidade dos jogadores? Também não. Como colocar em dúvida a qualidade dos jogadores brasileiros, se são integrantes dos melhores times de futebol do planeta?

É difícil chegar a uma conclusão imediata. A rigor, há um conjunto de fatores. Um deles, creio, é ter o olhar mais para fora, esquecendo que nos times brasileiros estão jogadores de alta qualidade. Há também que se exigir mais garra. A campeã Argentina, além da ótima qualidade técnica, mostrou a tradicional garra, que faz a diferença. Não vi nos brasileiros a postura aguerrida do time de Messi. Resumindo: o Brasil foi um time morno; a Argentina foi um time quente. Time morno não ganha Copa do Mundo. 

Sem empolgação 

Tenho acompanhado as contratações que os times cearenses estão fazendo para a temporada de 2023. Observo que há muita cautela, levando em conta o potencial do atleta e a disponibilidade do cofre. Tudo de forma responsável, equilibrada. Ótimo. Mas aguardo sempre com muita reserva. Só quando a bola rolar será possível analisar a atual situação de cada jogador.  

Motivo 

Quando Zé Roberto foi contratado pelo Ceará, eu tinha certeza de que ele se ajustaria como uma luva ao modelo alvinegro. Não foi o que aconteceu. O rendimento dele esteve muito abaixo do que poderia oferecer. Não sei o que faltou para que alcançasse uma produção convincente. Eu gostava muito de suas atuações, quando atuava pelo Atlético-GO. 

Sem brincadeira 

Se fosse um Pio (ex-Ceará e ex-Fortaleza) cobrando pênalti na Copa do Mundo, duvido que algum goleiro pegasse. Pio tinha um míssil no pé. Poucos jogadores eu vi com tanta potência no chute. Diante de um Pio, garanto que o goleiro da Croácia, Livakovic, e o goleiro da Argentina, Martínez, os maiores pegadores de pênalti da Copa, não saberiam sequer por onde a bola teria entrado. 

Saudosismo 

Jogadores de chute potente que marcaram o futebol cearense: o lateral-direito Mesquita, que jogou no Fortaleza; o volante Peu, do Ferroviário; o volante Simplício, também ex-Ferroviário; o ponta-esquerda do Fortaleza, Bececê. Se o goleiro tentasse pegar pênalti batido por essa gente, certamente entraria no gol com bola e tudo.

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