O tiki-taka feminino campeão do mundo

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Alessia Russo e a meio-campista espanhola Teresa Abelleira em luta pela bola durante a partida entre Espanha e Inglaterra
Foto: Izhar KHAN / AFP

Há 21 anos, nós brasileiros estamos na condição de derrotados no mundo do futebol. São frustrações que se acumulam tanto no futebol masculino, quanto no futebol feminino. Lembra a velha frase: quem não sabe bate palmas. Cá estamos nós ainda a aplaudir os argentinos de Lionel Messi pela conquista do memorável título mundial no Catar em 2022 diante da França. Cá estamos nós a aplaudir as espanholas na memorável vitória (1 x 0) sobre a Inglaterra na grande final do Copa do Mundo de futebol feminino, concluída ontem na Austrália.

Há alguns anos, éramos aplaudidos. Hoje só sabemos aplaudir. Inverteram-se os papéis. A seleção espanhola de futebol feminino mereceu o título mundial ao aplicar 1 a 0 nas inglesas. A Inglaterra tem um futebol de maior força física. A Espanha tem um futebol de maior habilidade, inclusive no toque de bola. Não chega a ser um tiki-taka de Luis Aragonés no Barcelona, nem o tiki-taka de Vicente Del Bosque na “Fúria”. Mas, a inspiração de Olga Carmona, autora do gol, e de suas companheiras, tem tudo a ver com o legado deixado por um tiki-taka inesquecível e inigualável. Resta saber quando o futebol brasileiro voltará a ser vencedor. 

Transição 

Tanto no futebol masculino, quanto no futebol feminino, a Seleção Brasileira passará por um período de transição. No futebol feminino, a notável Marta encerrou sua participação em Copas do Mundo. Ao despedir-se, Marta foi incisiva: “A única velha aqui sou eu. As meninas têm um caminho enorme pela frente. Eu termino, mas elas continuam.” Fica a esperança. 

Transição II 

No futebol masculino, Neymar trocou as competições de alta performance do futebol europeu pelo dinheiro farto do mundo árabe. Sem as exigências e as cobranças do futebol europeu e inserido no futebol menos competitivo dos árabes, terá Neymar até a próxima Copa o nível ideal para levar o Brasil ao título mundial? Acho muito difícil. 

Incerteza 

O período é complicado. Para se ter uma ideia, a Seleção Brasileira tem um técnico interino, Fernando Diniz, que ocupa o cargo enquanto Ancelotti não chega. Portanto, o titular somente virá no próximo ano, 2024. Nunca vi isso. É uma experiência arriscada. Não sei como Fernando Diniz aceitou uma situação assim. Queira Deus que ele dê certo e continue. 

Incerteza II 

A CBF ainda não decidiu sobre a permanência da treinadora sueca, Pia Sundhage, após o fracasso do Brasil na Copa do Mundo da Austrália. A decisão será no final do mês, quando Pia estará de volta ao Brasil. É bom lembrar que a Olimpíada de Paris será de 26 de julho a 08 de agosto de 2024. Se houver mudança, a nova comissão técnica terá menos de um ano para trabalhar. Haja incerteza. 

Esperança 

Um dia a gente chega lá outra vez. Já passamos mais tempo sem título do que agora. Passamos 24 anos em jejum. O Brasil foi tricampeão mundial no México em 1970. Depois, somente voltou a ser campeão do mundo em 1994 na Copa dos Estados Unidos. Foram 24 anos. No momento, são 21 anos de jejum. Na próxima Copa do Mundo, aí sim teremos novamente 24 anos sem título.