O pênalti e as doses de uísque

Leia a Coluna de Tom Barros

Legenda: Ceará foi derrotado pelo Vila Nova após pênalti polêmico.
Foto: Gabriel Silva/CearaSC

No futebol, há certos lances que geram revolta pela indevida marcação. Os casos mais comuns são os pênaltis, conforme a nova linha de interpretação. Um absurdo. O pênalti que determinou a derrota do Ceará diante do Vila Nova em Goiânia faz parte desses absurdos. E ninguém consegue fazer a regra voltar ao que era antes. Todos, cabisbaixos, aceitam a interpretação imposta pelos ditadores da arbitragem mundial. 

Correta era a interpretação de antigamente. Braço era braço. Antebraço era antebraço. Mão era mão. Hoje tudo é uma coisa só. Antes da nova interpretação, pênalti somente seria marcado se houvesse a intenção de, ao tocar com a mão na bola, o jogador quisesse deliberadamente obter vantagem disso. 

Até entendo ser admissível ampliar a inclusão de braço e antebraço, desde que seja levada em conta a intenção do atleta. Se tocou involuntariamente, não há motivo para marcação de pênalti. É lamentável que muitas equipes estejam sendo prejudicadas em razão desta regra sem fundamento, inventada por algum “sábio” da arbitragem mundial, após muitas doses de uísque nos gabinetes da FIFA em Zurique, na Suíça. 

 

Grandes árbitros 

 

Dirão talvez que lá vem o colunista com o seu saudosismo exacerbado. Mas venho com fatos. Nas décadas de 1950 e 1960, a arbitragem cearense teve profissionais notáveis: Raimundo da Cunha Rola (Rolinha), Alzir Brilhante, José Tosta, Valdizar Reis, Ricardo Bonadies e Vicente Trajano, dentre outros. A regra do pênalti levava em conta a intenção. Dificilmente erravam. 

 

Outros 

 

Nas décadas seguintes, Leandro Serpa, Gilberto Ferreira, Joaquim Gregório, Dacildo Mourão, dentre outros, também apitaram ainda antes das mudanças que hoje vigoram na arbitragem mundial. Também dificilmente erraram, quando tiveram de tomar decisões, mesmo as mais complexas. 

 

VAR

 

Nem precisaram de VAR, nem dos aparatos que estão aí, na tecnologia de hoje. Tudo no olho, na coragem, na competência, na raça. Desafiaram os protestos das torcidas e dos jogadores, acreditando na honestidade e no potencial dos conhecimentos que tinham sobre a arbitragem. 

 

Show 

 

O árbitro Luiz Vieira Vilanova tinha seu jeito especial de apitar. Tinha sido jogador de futebol. Conhecia as manhas dos atletas. Não se deixava levar pelos espetáculos que davam. E avisava a cada um que sabia muito bem o que eles queriam. Assim marcou a sua passagem como um dos notáveis árbitros. Apitava diferente, mas dentro das regras. 

 

Aplausos 

 

Nunca esqueci de um episódio que aconteceu no PV. O árbitro alagoano, Manoel Amaro de Lima, após um show de arbitragem, um trabalho perfeito, saiu de campo aplaudido de pé pela torcida. Foi um caso raro. Exatamente por isso nunca esqueci. Foi ele que apitou o jogo do milésimo gol de Pelé no Maracanã. 

 

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