Neste ano que vai terminando, aconteceu um fato inusitado no certame estadual. No lugar de um jogador ocupar a posição de maior evidência, ficou com um treinador o destaque mais significativo: Rogério Ceni. Quem ainda ganhou espaços e reconhecimento foi o zagueiro do Ceará, Luís Otávio. Entretanto, nem de longe comparável ao brilho do mito. Realmente pelo que fez e conquistou, Rogério Ceni mereceu todos os encômios.
Houve, há alguns anos, treinadores que alcançaram amplo destaque pelo trabalho aqui desenvolvido. Cito, por exemplo, Moésio Gomes e Caiçara num passado mais distante (décadas de 1960 e 1970) e Luís Carlos Cruz e Ferdinando Teixeira em épocas mais recentes. Mas os jogadores sempre estiveram acima como destaque principal das temporadas. Hoje, porém, é o treinador Ceni o foco central da mídia. Basta ver o que houve no tempo de espera do "Fico". A expectativa criada não digo tenha sido semelhante à espera da fumaça branca das eleições dos papas da Igreja Católica, mas ocupou amplo espaço na mídia. E, quando o "Fico" foi confirmado, lágrimas rolaram em muitas faces tricolores. Ser mito é outra coisa.
Fenômeno
O ano de 2019 reservou para o futebol brasileiro a surpresa de treinadores estrangeiros superarem os treinadores locais. O português Jorge Jesus, que fez do Flamengo uma máquina, andou tão ovacionado quanto os jogadores e ídolos do Flamengo, Gabigol, Everton Ribeiro e Bruno Henrique. E, não raro, Jorge Jesus foi até mais paparicado que os atletas.
Outro
O argentino Jorge Sampaoli também alcançou amplo destaque pelo trabalho que fez no Santos. Ele e Jorge Jesus foram os melhores treinadores de 2019 no futebol brasileiro. Ficaram para trás nomes famosos como Tite, Cuca, Mano Menezes, Vanderlei Luxemburgo, Luís Felipe Scolari, dentre outros. Novos tempos.
Polêmica
O sucesso do português Jorge Jesus abriu nova polêmica sobre a contratação de um técnico estrangeiro para dirigir a Seleção Brasileira principal. Há os que não admitem ver no comando da Canarinho um técnico que não seja brasileiro nato. Sim, mas quantos técnicos brasileiros já comandaram seleções de outros países? Não vejo nada demais nisso.
O otimismo quanto a uma possível conquista de título pelo Flamengo no mundial de clubes tem tudo a ver com o estrangeiro Jorge Jesus. É notório o avanço dos técnicos europeus no rigor das aplicações táticas. Nessa parte, há nítidos sinais de que eles alcançaram alto nível de aperfeiçoamento, o que falta à maioria dos técnicos daqui.
FaltA humildade à maioria dos treinadores brasileiros que deveriam reconhecer a necessidade de reciclagens com a escola europeia. Após 2002, os europeus vêm superando em conquistas o futebol brasileiro. Exceto títulos isolados de clubes daqui nos mundiais, a Canarinho só fracassou nas Copas.