O exemplo do futebol cearense para o Brasil

No dia 20 de maio, acompanhei uma live muito importante, relativa ao tema "Relações Trabalhistas no Mundo do Futebol Durante a Pandemia da Covid-19". Participaram o ministro do TST e presidente da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, Alexandre Agra Belmonte; o desembargador do TRT/CE, Paulo Régis Botelho; o juiz do Trabalho e presidente da Amatra 7, Ronaldo Feitosa; o presidente do Ceará, Robinson de Castro; e o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz. A nova situação gerada pelo isolamento social criou uma série de fatos inusitados com repercussão direta nos contratos dos atletas de futebol e, claro, também nos contratos dos atletas de outras modalidades. A iniciativa de promover a live foi muito oportuna. Os atos concretos dos clubes, pelo exposto, estavam e estão dentro dos preceitos da MP 936/2020, que permitiu as flexibilizações contratuais. Além do interesse dos magistrados, que aclararam os pontos da MP, restou patente o cuidado que Fortaleza e Ceará estão tendo na condução jurídica das questões. Elogiável, sobremaneira, a postura de todos.

Dívidas

Há alguns anos Fortaleza e Ceará, não raro, sofriam sérias punições por não tratarem com a devida atenção as ações trabalhistas. As dívidas nessa parte comprometiam elevado percentual das receitas dos clubes. Os descontos diretos nas rendas dos jogos tornavam os times mais inadimplentes ainda, razão por que notório era o desequilíbrio financeiro.

Zerou

De certa época para cá, os dois maiores rivais equacionaram os problemas. No Ceará, tudo começou com o ex-presidente Evandro Leitão. No Fortaleza, lembro de uma iniciativa primeira do ex-presidente Ribamar Bezerra, mas foi mesmo com o ex-presidente Luís Eduardo Girão que as contas foram zeradas. Marcelo Paz terminou de sanear.

Referência

Hoje, Fortaleza e Ceará são exemplos de equipes enxutas, zelosas nos pagamentos de suas responsabilidades trabalhistas e sociais. As contratações somente são realizadas se houver lastro para cobrir. Os limites são estabelecidos de acordo com as suas receitas fixas. As variáveis não entram como suporte.

No programa "A

Grande Jogada", o apresentador Antero Neto entrevistou os dirigentes dos nossos clubes, quando a crise determinada pelo novo coronavírus levou à paralisação dos certames. A despeito das agruras, máxime dos times menores, as soluções foram todas tomadas de acordo com a legislação

Até o momento, as posições dos grandes times cearenses são referência para os demais clubes do Brasil. Apesar das dificuldades financeiras do País, já existentes antes mesmo da chegada da Covid-19, Ceará e Fortaleza há muito vinham pagando em dia. E continuaram em dia mesmo após o isolamento