O clássico-rei pode ter sido uma antevisão da grande final

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Ceará e Fortaleza empataram em 3 a 3 no primeiro Clássico-Rei do ano.
Foto: Ismael Soares/SVM

Li e ouvi vários profissionais da crônica esportiva cearense que expuseram suas opiniões sobre o jogo Fortaleza 3 x 3 Ceará. Os mais exigentes analisaram a produção e foram moderados nas suas apreciações. Os mais entusiasmados foram levados pela euforia de um jogo com seis gols. Fico com os entusiasmados. É muito difícil um clássico-rei com seis gols. É uma exceção. É uma raridade. É encantador. Mexe com os corações. Sai dos jogos chatos que ficam no zero.

No primeiro tempo o Ceará saiu ganhador. Predomínio em campo e predomínio no placar (2 x 0). Na fase final, o Fortaleza promoveu a virada. Isso, em um clássico, é um espetáculo muito especial. O Leão tirou a diferença de dois gols e ainda passou à frente em trinta minutos. Mas o espetáculo ficou maior ainda com o empate no último minuto. O Vozão fechou o placar 3 x 3. Há quanto tempo não se via um clássico-rei assim? Gostei do que vi. Jogo entre rivais quase sempre é escasso no número de gols. Sábado foi diferente. Jogo para cabra da peste. Claro que Ferroviário, Iguatu, Floresta e Maracanã estão na briga. Vão à luta e têm de ser respeitados. Mas o espetáculo do clássico-rei pode ter sido uma antevisão da grande final.  

No zero 

Tenho pavor a clássico-rei que termina zerado no placar. O jogo pode ter sido um primor de apresentação técnica e tática, mas se torna amargo sem a bendita graça do gol. Por isso mesmo, fiquei entre os entusiasmados, não entre os frívolos. É muita exigência querer, ao mesmo tempo, um espetáculo de alto nível e meia dúzia de gols. 

Golaço 

É bom frisar que o clássico-rei também teve um golaço, do tipo que o autor passa dez anos para acertar outro igual. A obra-prima foi de Kauan. Ele pegou um rebote na entrada da área do Ceará. Deu aquela amaciada no peito, deixando a bola descer para a posição ideal. Aí disparou um míssil tomahawk. Tem lá goleiro que pegue uma bola de fogo assim! 

Show 

Quando Tinga resolve ser ele e mais dez, não há quem o contenha. Repito a pergunta que vez por outra faço aqui: qual é mesmo a posição dele? Tinga foi atacante, meia, ala, volante, presidente, técnico, supervisor e tudo mais que vocês queiram imaginar. Só não foi goleiro. Mas, da zaga para frente foi com ele mesmo. Notável desempenho. Tinga não jogou: Tinga deu uma rica exibição de futebol. 

Surpreso 

O lateral-direito do Ceará, Raí Ramos, tem feito boas apresentações. Mas, no clássico-rei, quando do gol de Tinga, Raí ficou paralisado, após a bola bater na trave em defesa parcial de Fernando Miguel. Raí não teve nenhuma reação. Apenas ficou olhando o lance. Tinga, em dia de grande inspiração, aproveitou o descuido de Raí Ramos e marcou um belo gol.  

Campanhas 

O Ceará terminou a fase classificatória, tendo a melhor campanha entre os dez participantes. Fortaleza e Ceará terminaram com 11 pontos ganhos, três vitórias, dois empates e nenhuma derrota. O Fortaleza marcou 14 gols e sofreu cinco. Teve um saldo de nove gols. O Ceará marcou 16 gols e sofreu quatro. Portanto, teve um saldo de 12 gols. Três gols a mais que o Fortaleza.