Velha e manjada história do futebol brasileiro: bode expiatório é o treinador. Sempre recebi com reserva as decisões tomadas pelas diretorias dos clubes, quando pressionadas pelas torcidas. Tomam decisão para dar satisfações aos clamores das arquibancadas. Um calmante para evitar protestos. Não faz muito, quem esteve na corda bamba foi o técnico do Fortaleza, Vojvoda. Lanterna e na zona de rebaixamento, tinha todos os ingredientes para ser mandado embora. Mas o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, resolveu permanecer com ele, pois todos os traços indicavam que Vojvoda daria a volta por cima. E deu. Ah se todo presidente de clube agisse assim como Marcelo Paz. Marquinhos Santos foi embora. Custaram caro os pênaltis perdidos por Vina e Fernando Sobral, na decisão com o São Paulo pela Copa Sul-Americana. O novo treinador do Ceará terá a missão de mostrar à torcida a retomada da confiança. Mais que isso: definir propostas de jogo capazes de tornar o Vozão novamente vencedor. Nem sempre a mudança de treinador é garantia de sucesso. Tudo é imprevisível porque depende de uma série de fatores, principalmente a afinidade ou não com os atletas.
No auge da crise no Fortaleza, quando já se cantava o possível rebaixamento para a Série B nacional, especulou-se a saída do treinador Vojvoda. Eu escrevi uma coluna cujo título foi “Não é hora de mudar de treinador”. Ora, o treinador não era culpado de falhas individuais que levaram o time a tomar gols na reta final como na derrota para o Atlético em Belo Horizonte.
Marcelo Paz segurou Vojvoda. Taí o time fora da zona maldita e pronto para reagir no restante da competição. Claro que o Fortaleza ainda corre perigo porque mínima é a margem que o separa da zona de rebaixamento. Mas um time que consegue três vitórias importantes, sendo duas delas sobre adversários fortes como Internacional e Ceará, está pronto para superar todas as adversidades.
O pior que acontece no Ceará é a irregularidade de produção. Ora dá show em São Paulo e ganha do Palmeiras em pleno Allianz Parque, ora perde para o então lanterna Juventude. Ora obtém expressiva vitória, de virada, como foi a vitória sobre o Corinthians, ora perde para o Bragantino em pleno Castelão. Aí é de lascar.
Ora Vina, ovacionado, deixa o campo como herói; ora, vaiado, deixa o campo como vilão. Relação de amor e ódio. O extremo faz pressão. Em 2021, Guto Ferreira foi demitido do Ceará, quando o time estava em oitavo lugar, a melhor campanha da história do clube na era dos pontos corridos. Isso porque o Fortaleza estava em quarto lugar. Critério na hora da demissão: medo da torcida.